Membros do Novo protocolaram, no sábado (24), um pedido de expulsão do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, do partido. O requerimento enviado à Comissão de Ética da legenda pede que o ministro seja suspenso do quadro de filiados enquanto o partido julga uma expulsão definitiva.
O pedido de expulsão é motivado pela conduta de Salles à frente do ministério em meio à crise das queimadas na Amazônia.
“Entendemos que Salles tem atuado com grande convicção na adoção de condutas divergentes com os programas do partido Novo no tema ambiental, demitindo profissionais qualificados, desdenhando de dados científicos e revogando políticas públicas sem debate prévio”, escreveu no Twitter o deputado estadual Chicão Bulhões (Novo-RJ), um dos autores do pedido.
O requerimento também é assinado por Marcelo Trindade, que foi candidato a governador do Rio pelo Novo, e por Ricardo Rangel, que concorreu a deputado federal.
Na quinta (22), o Novo já havia se manifestado diante de críticas ao ministro. Em nota, o partido afirmou que Salles não foi uma indicação da legenda para o cargo e que, portanto, não representa a instituição. “O ministro foi escolhido e responde ao presidente Jair Bolsonaro”, diz o texto.
Salles se candidatou a deputado federal em 2018, mas não foi eleito. Antes de ocupar o cargo de ministro do Meio Ambiente, foi secretário estadual do Meio Ambiente em São Paulo, entre 2016 e 2017, na gestão Geraldo Alckmin (PSDB).
Segundo Chicão, a “postura inadequada” de Salles e seu “histórico de constrangimentos” representam dano à reputação do Novo.
“Atitudes como essa reduzem a capacidade de interlocução do país com seus pares internacionais e geram instabilidade. Isto, por si só, já constitui violação dos princípios e valores do partido Novo, que prega a atuação ética e profissional dos agentes públicos!”, tuitou o deputado.
Chicão menciona uma resolução do partido que determina a suspensão de filiados que ocupem cargos de primeiro escalão em qualquer governo quando não for uma indicação do Novo -como é o caso de Salles.
A resolução, no entanto, não se aplica ao ministro, porque foi aprovada em 31 de maio, quando ele já ocupava o cargo, e não tem efeito retroativo. O deputado estadual pede uma “reinterpretação” da resolução, na tentativa de que ela possa ser aplicada para Salles.
Na quinta, o Novo declarou que Salles é apenas um dos seus filiados e que não exerce atividade partidária e nem tem cargos no partido.
“Não há qualquer interferência ou participação do partido na gestão do Ministério do Meio Ambiente. O ministro não mantém nenhum contato com o partido quanto aos seus planos, metas e objetivos para a pasta. Só temos conhecimento das suas ações quando divulgadas publicamente”, disse o partido.
Na nota, o Novo cobra que Salles baseie as políticas públicas em dados, fatos e evidências. “Os mandatários do Novo no Legislativo e Executivo têm atuado com equilíbrio, diálogo e baseado suas políticas públicas e propostas em dados, fatos e evidências. Esta é a postura que esperamos de todos os membros do atual governo, em especial daqueles que são filiados ao Novo, como o ministro Ricardo Salles.”