A forte desvalorização do peso argentino e a declaração de moratória do país, feita na última quarta-feira (28), fazem da Argentina um destino favorável para o turista brasileiro, mas só por enquanto. O peso argentino está desvalorizado, o que significa que o dinheiro dos turistas brasileiros está valendo mais. A Argentina, no entanto, tem uma inflação alta – o acumulado dos últimos 12 meses é de 55% – e que continua crescendo.
Isso neutraliza parte do ganho de poder de compra proporcionado pela moeda mais barata, explica Vinícius Müller, doutor em história econômica e professor do Insper. Ainda assim, por causa do peso desvalorizado, hoje a Argentina está mais em conta para o turista brasileiro do que há alguns meses.
Um levantamento da operadora de turismo CVC apontou que o valor em dólar de alguns produtos no país vizinho caiu quase pela metade de 2018 para cá.
Empanadas, água, refrigerantes, cerveja e refeições estão custando hoje pouco mais da metade do que custavam em 2018, mesmo quando o valor é convertido em reais. Ainda segundo dados da CVC, uma empanada, que em 2018 saía por R$ 6,89, hoje é encontrada por R$ 3,93. Uma refeição simples, para uma pessoa, passou de R$ 68,94 para R$ 35,71.
EFEITO CÁ
Esse efeito, no entanto, não deve durar muito tempo. Como a Argentina é um importante parceiro comercial do Brasil, a crise do lado de lá pode afetar a moeda de cá, que também pode perder valor.” Se a Argentina tem capacidade menor de importar do Brasil, o mercado entende que isso vai prejudicar o nosso país e que a moeda brasileira será desvalorizada”, afirma Müller.
Mas, como o Brasil é uma economia maior e mais estável do que a Argentina, essa desvalorização tende a ser mais branda e lenta.
Segundo o professor do Insper, quem for viajar para a Argentina dentro de um mês ainda terá poder de compra alto. Depois disso, a moeda brasileira também pode se desvalorizar, anulando esse ganho.