sábado, 23 novembro 2024

Líder supremo do Irã promete ‘severa vingança’ contra EUA

Após o ataque americano que matou o general iraniano Qassim Suleimani na madrugada desta sexta-feira (3), em Bagdá, no Iraque, o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, pediu “severa vingança” e anunciou três dias de luto nacional. “O martírio é a recompensa por seu trabalho incansável durante todos esses anos”, escreveu no Twitter. “Uma vingança implacável aguarda dos criminosos que encheram suas mãos com seu sangue e o de outros martíres.”

O presidente do Irã, Hassan Rouhani, também prometeu vingança “por esse crime horrível dos criminosos Estados Unidos”. Em um comunicado, ele disse ainda que a morte de Suleimani “redobra a determinação da nação iraniana e de outras nações livres da região de se opor à intimidação dos Estados Unidos e defender os valores islâmicos”. O ministro das relações exteriores do país, Javad Zarif, condenou a ação e exigiu que os EUA sejam responsabilizados.

“O ato dos EUA de terrorismo internacional, localizando e assassinando o general Suleimani -a força mais efetiva no combate ao Daesh (Estado Islâmico), Al Nusrah, Al Qaeda e outros- é extremamente perigoso e tolo”, afirmou Zarif em seu perfil no Twitter. A crise é a mais grave escalada nas tensões entre os Estados Unidos e o Irã e colocou a comunidade internacional em alerta.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, demonstrou preocupação. “Este é um momento em que os líderes devem exercer o máximo de restrição. O mundo não pode permitir outra guerra no Golfo”, disse seu porta-voz. Para o presidente francês, Emmanuel Macron, que discutiu a situação com o russo Vladimir Putin, o Irã precisa evitar qualquer tipo de provocação.

O porta-voz do Parlamento do Iraque, Mohammed al-Halbousi, condenou o ataque americano. “É uma flagrante violação da soberania e violação de acordos internacionais”, afirmou. Ordenada por Donald Trump, a ação resultou em ao menos nove vítimas. Entre elas, Abu Mahdi al-Muhandis, líder de uma milícia iraquiana favorável a Teerã.

A Guarda Revolucionária, cuja unidade de elite, a Al Qods, era chefiada por Suleimani, disse que o ato fortaleceu a determinação de vingança. “A breve alegria dos americanos e dos sionistas se transformará em luto”, disse o porta-voz Ramezan Sharif na televisão estatal.

O porta-voz do Hamas, Bassem Naim, responsabilizou os Estados Unidos pelas consequências. “O assassinato abre as portas para todas as possibilidades na região, exceto calma e estabilidade”, diz a mensagem publicada no Twitter. Na manhã desta sexta, o secretário de Estado do governo Trump afirmou à Fox News que o país continua comprometido com uma desescalada com o Irã, mas está preparado para se defender.

Antes disso, Pompeo havia elogiado a ação em uma mensagem publicada no Twitter. “Iraquianos dançando na rua por liberdade, gratos porque o general Suleimani se foi”, diz o texto. O ex-vice-presidente e rival de Trump, Joe Biden, afirmou que o presidente deve uma explicação ao povo americano sobre a estratégia para proteção das tropas, da embaixada e dos interesses dos EUA na região.

A presidente da Câmara do congresso americano, Nancy Pelosi, disse que o bombardeio ameaça gerar uma escalada de violência na região. “Os Estados Unidos e o mundo não podem permitir que as tensões cheguem a níveis irreversíveis”, afirmou a democrata em um comunicado. O ministro das Relações Exteriores do Líbano demonstrou preocupação com que o país e o resto da região fossem prejudicados com as repercussões do ataque americano. Ele também condenou a ação, chamando-a de uma violação da soberania iraquiana.

Israel colocou seu exército em alerta e aliados dos EUA na Europa, incluindo a França e a Alemanha, manifestaram preocupação com a tensão na região. O Reino Unido reforçou a segurança de suas bases militares no oriente médio. O ministro de relações exteriores, Dominic Raab, disse que a evolução do conflito não é do interesse britânico. A relatora especial da ONU para execuções extrajudiciais, Agnes ​Callamard, publicou uma mensagem em uma rede social afirmando que as mortes foram provavelmente ilegais e que violaram as leis internacionais de direitos humanos.

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