quarta-feira, 15 janeiro 2025

Mulher filma o próprio estupro para provar ataques de ex-marido

Além da violência sexual, ameaças de morte foram divulgadas pela vítima

Uma mulher filmou o próprio estupro praticado pelo marido na Praia Grande, litoral de São Paulo. A tomada de decisão de gravar a violência, foi após Ricardo Guerreiro, de 42 anos, começar a espancar os filhos. Guerreiro acabou sendo preso após as denúncias.

Juliana Guerreiro informou que o namoro começou em 2018 e o casamento veio dois anos após. “A gente viajava bastante, ele era um homem cuidadoso, muito preocupado, muito amoroso”, disse Juliana.

A primeira agressão veio quando ela estava grávida de três meses, após ele acreditar que ela estava rindo de uma piada em um grupo de amigos. “Ele veio me xingando, querendo brigar e, de repente, ele começou a me dar um monte de soco. Ele saiu me socando do quarto dele até o quarto da frente, que é do filho dele.”

Juliana perdeu a mãe em 2021, e os casos de agressão aumentaram. Ela conta que tomava antidepressivo e sentia muito sono. Os estupros começaram nesta época. “Ele me acordava a força, me arrastava pela cama, cheguei a acordar e ter o lençol sangrando”, relatou a vítima.
Os registros foram feitos por câmeras de monitoramento instaladas por Ricardo no quarto do casal.

As ameaças aconteciam também por mensagens de texto. Juliana disse que tomou coragem para denunciar quando Ricardo passou a ser agressivo com os filhos. Em uma ocasião, ela resolveu sair do apartamento do casal, após ver que o ex-marido queria brigar com ela.

“Quando eu olho pelas câmeras, ele estava tratando mal o meu filho mais velho. Eu tenho a filmagem, inclusive. Aí eu falei: meu filho não vai sofrer o que eu sofri. A gente aguenta, mas a gente não deseja para o filho. O pequeno, que é nosso, ele bateu bastante. Marcas de mão desde a costela até o bumbum dele.” 

Uma das agressões foi feita por vídeo. O agressor filma a própria mão e faz gestos obscenos, a ofende ao dizer – “é mais fácil eu usar essa mão pra te esfaquear do que para poder te pagar alguma coisa”. 

Juliana chegou a fugir para o interior com o filho, mas Ricardo descobriu e foi atrás dela, quando na ocasião, bateu o carro. Por mensagem, as ameaças continuaram quando Ricardo a acusou do acidente. 

Ricardo foi preso, após investigação da Polícia Civil. Além disso, contra ao agressor há uma condenação a mais de 37 anos de reclusão, por tentativa de homicídio contra seis pessoas, em 2000. Ele estava em liberdade devido a um habeas corpus.

Juliana incentiva que outras mulheres busquem ajuda e denunciem homens agressores, como ela fez.

“Eu sei que quando a gente está dentro disso, a gente tem vergonha. Não pode ter vergonha, a gente tem que buscar o apoio. Não pague para ver, não ache que vai mudar. Não cometa o erro que eu cometi.”

Tentativa de homicídio

De acordo com o TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo), em 2000, Ricardo tentou matar seis pessoas em uma choperia, em Praia Grande.

À época com 24 anos, ele teria se desentendido com um grupo composto por seis pessoas e atirado contra elas, junto com outro homem armado. Dois se feriram na tentativa de homicídio.

Em 2019, o Juiz deu a sentença a pena de 37 anos e 4 meses de reclusão, mas cerca de uma semana depois, a defesa do réu conseguiu o colocar em liberdade graças a um habeas corpus.

Defesa

O advogado de defesa, Eugênio Malavasi, informou que até o momento não teve acesso aos autos. “Todavia o acusado se declara inocente e irá provar o alegado no momento oportuno”.

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