A Polícia Civil prendeu nesta terça-feira (18) um professor de história de uma escola de elite na zona oeste de São Paulo suspeito de filmar a genitália das alunas por debaixo da saia durante as aulas. Ele trabalhava na unidade de Pinheiros (zona oeste) da St. Nicholas School.
Ivan Secco, 54, foi um dos 17 presos em flagrante no Estado de São Paulo no âmbito da Operação Luz da Infância, coordenada pelo Ministério da Justiça.
Ele foi autuado por armazenamento e produção de conteúdo pornográfico. A polícia solicitou a sua prisão preventiva e ainda investiga se o conteúdo foi compartilhado com terceiros.
Segundo a polícia, o professor colocava câmeras escondidas dentro de caixas de remédios e embaixo de carteiras para filmar estudantes por baixo da saia. As vítimas tinham a partir de dez anos. Ele também dava aulas de teatro na escola.
Os investigadores dizem que ele praticava o crime havia ao menos três anos -na escola, dizem, trabalhava há cerca de 20 anos. Ele não tinha antecedentes criminais.
Em depoimento, o homem disse que estava arrependido e que precisava de ajuda porque estava doente, de acordo com a polícia.
A polícia foi primeiro à casa do professor, em Pinheiros. Ele chegou a criar, segundo os investigadores, uma pasta em seu notebook com as fotos das alunas preferidas. Além do aparelho, foram apreendidos pendrives e HDs (a quantidade não foi informada).
Esta é a sexta etapa da operação, que teve como alvo 57 pessoas no estado. A operação também cumpriu 94 mandados de busca e apreensão em mais 11 estados e outros 18 em países como Estados Unidos, Colômbia, Paraguai e Panamá.
Prisões em flagrante foram registradas nos estados de Santa Catarina (9), Paraná (6), Mato Grosso do Sul (4), Ceará (2), Rio Grande do Sul (1), Mato Grosso (1) e Goiás (1), segundo balanço preliminar da pasta comandada pelo ministro Sergio Moro.
Pessoas próximas ao suspeito o descreveram como alguém discreto e disseram não suspeitar de seu comportamento. A Folha procurou a direção do colégio, que ainda não se posicionou sobre a prisão do professor.
Em um comunicado interno enviado aos pais dos alunos, ao qual a reportagem teve acesso, a St. Nicholas School afirma que foi “surpreendida com a operação policial de investigação de pedofilia que prendeu um de nossos professores na unidade Pinheiros” e disse ter conversado com seus professores e alunos a respeito do ocorrido.
A direção do colégio disse ainda que se colocou à disposição das autoridades policiais para colaborar com as investigações e que, em paralelo, abriu uma sindicância interna para apurar informações complementares. “Nós estamos em choque e nos comprometemos a entender o que aconteceu e ofereceremos apoio incondicional a toda comunidade.”
A reportagem procurou a escola por volta das 18h após a divulgação de detalhes da investigação, mas foi informada de que não havia mais nenhum representante da diretoria no local.
COLÉGIO
A St. Nicholas School foi criada em 1980. Seus alunos, de várias nacionalidades, cursam da educação infantil ao ensino médio nas unidades de Alphaville e Pinheiros.
Na 6ª fase da operação Luz da Infância, os agentes da polícia buscam por arquivos com conteúdo relacionado aos crimes de exploração sexual praticados contra crianças e adolescentes. Quando chegam até os locais investigados, acabam dando voz de prisão aos suspeitos localizados.
Armazenar fotos ou vídeos de abuso e exploração sexual infantil no Brasil é crime passível de pena de 1 a 3 anos de reclusão. Na prática, ninguém vai para a cadeia se o crime não estiver associado ao compartilhamento ou à produção dessas imagens.