Depois de uma paralisação que durou 12 dias, policiais militares do Ceará decidiram encerrar na noite deste domingo (1º) o motim e aceitaram voltar às ruas a partir desta segunda-feira (2).
Representantes dos policiais e do governo cearense fizeram um acordo que prevê punições menos pesadas aos amotinados que participaram do movimento. Não está prevista anistia, o que era um dos principais pedidos da categoria. A Folha confirmou a informação com representantes de policiais nas negociações.
O movimento dos policiais militares teve início dia 18, o que fez explodir a criminalidade no estado nos dias seguintes. No dia anterior ao início da paralisação, o estado tinha registrado cinco crimes violentos. A média diária saltou para 28 nos dias seguintes, com mais de uma morte por hora.
Entre o dia 19 e o dia 24 foram registrados 170 assassinatos no Ceará. Depois, o estado decidiu não divulgar mais os dados. Alegou que a divulgação ocorria de forma extraordinária e que o setor responsável voltaria ao trabalho habitual de consolidar os números mensais e que, com o fim do Carnaval, havia um acúmulo de trabalho no setor de estatística.
A negociação entre a comissão formada pelos três Poderes do Ceará e os policiais militares travou na sexta-feira (28), quando o governo do estado rejeitou anistiar os policiais paralisados. Era uma das 18 reinvindicações dos policiais enviadas no dia anterior.
Uma nova proposta foi feita pela comissão e apresentada à categoria, que a levou a votação na noite deste domingo e foi aprovada pelos policiais.
Em meio à crise, o presidente Jair Bolsonaro tinha decidido prorrogar até a próxima sexta-feira (6) a GLO (Garantia da Lei e da Ordem), que autoriza o emprego das Forças Armadas e da Força Nacional para reforçar a segurança do Ceará.
Nas redes sociais, o ministro Sergio Moro (Justiça e Segurança Pública) comemorou o fim do motim.
“Recebo com satisfação a notícia sobre o fim da greve dos policiais no Ceará. O Governo Federal esteve presente, desde o início, e fez tudo o que era possível dentro dos limites legais e do respeito à autonomia do Estado”, afirmou Moro.
“Prevaleceu o bom senso, sem radicalismos. Parabéns a todos.”