Desde o início da pandemia de Covid-19 houve uma queda de 50% no número de doadores de sangue. O dado é da Fundação Pró-Sangue, órgão ligado à Secretaria da Saúde do Governo do Estado de São Paulo e ao Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
Segundo Alfredo Mendrone Junior, diretor técnico científico da fundação, a falta de doadores de sangue nesta época de pandemia é um problema nacional. Em média, durante as férias escolares e festas de final de ano a queda no número de doadores fica entre 15% e 20%.
Junior acredita que o medo da infecção pelo novo coronavírus tenha intimidado a população para o procedimento.A fundação coleta 10.000 bolsas de sangue por mês, e atende toda a rede pública da Grande São Paulo.
Se a situação não melhorar, o dia a dia de pacientes com doenças crônicas que necessitam de transfusões será impactado negativamente pela redução nos estoques. Somado a isso, as cirurgias eletivas estão sendo retomadas, o que aumentará o consumo de sangue. “Precisamos de uma recuperação rápida para enfrentar a nova demanda”, diz Junior.
“A queda é histórica, não só pela intensidade, mas pelo prolongamento que gerou. Nós já tivemos momentos críticos em outras situações na cidade e até mesmo no país, mas jamais por um tempo tão prolongado. Ela nos fez aprender uma série de coisas. Trocamos o pneu do carro com ele andando. Criamos um sistema de agendamento de última hora e protocolos”, explica Junior.
No banco de sangue, o doador é avaliado com aferição da temperatura e questionado se tem algum sintoma de Covid-19. Em caso afirmativo, fica inapto para doar.
Em relação aos indivíduos recuperados, 30 dias após o desaparecimento completo dos sintomas da doença já estão aptos a doar.
Os candidatos a doadores não são submetidos a testagem para identificar Covid-19, porque não é necessário. “Não há descrição de transmissão de nenhum vírus respiratório pela transfusão de sangue”, diz Junior. Acredita-se que apenas 14% dos infectados pelo novo coronavírus tenham o vírus no sangue.
A Fundação Pró-Sangue criou mecanismos de segurança aos doadores. Nos hospitais, o fluxo de entrada para eles é diferente do de pacientes.
Para doar sangue é preciso:– Estar em boas condições de saúde– Pesar 50 kg, no mínimo– Ter entre 15 e 69 anos (a primeira doação deve ter sido feita até 60 anos)– Estar descansado (ter dormido pelo menos 6 horas nas últimas 24 horas)– Estar alimentado (evitar alimentação gordurosa nas 4 horas que antecedem a doação)– Não ingerir bebida alcoólica pelo menos 12h antes do procedimento;– Quem fez maquiagem definitiva ou tatuagem deve esperar 12 meses para a doação.
Doadores deverão apresentar documento original com foto recente. Informações sobre os locais de coleta e o agendamento estão nos sites www.saude.sp.gov.br e www.prosangue.sp.gov.br.