terça-feira, 26 novembro 2024

9,7 milhões de trabalhadores ficaram sem remuneração em maio, diz IBGE

O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) informou nesta quarta (24) que 19 milhões de brasileiros foram afastados do trabalho devido à pandemia do novo coronavírus e, dentre estes, 9,7 milhões ficaram sem remuneração. 

Os dados foram coletados pela pesquisa Pnad Covid, que busca identificar os efeitos da pandemia no mercado de trabalho e na saúde dos brasileiros. O levantamento detectou também que houve redução na renda do trabalhador brasileiro. 

Ao todo, o Brasil tinha em maio 84,4 milhões de trabalhadores ocupados, disse o IBGE. Deste total, 22,5% estavam afastados do trabalho na semana da pesquisa -18,6% foram afastados devido ao distanciamento social. 

“Nós já sabíamos que havia uma parcela da população afastada do trabalho e agora a gente sabe que mais da metade dela está sem rendimento”, disse o diretor adjunto de pesquisas do IBGE, Cimar Azeredo. “Isso não é favorável e tem efeitos na massa de rendimentos gerada, que está estimada abaixo de R$ 200 bilhões.” 

Entre os afastados, 51,3% ficaram sem receber remuneração. O número de pessoas nessas condições representa 11,5% do total de ocupados do país. Os maiores percentuais de trabalhadores sem remuneração foram verificados nas regiões Norte e Nordeste. 

A maior taxa de afastamento se deu entre trabalhadores informais: domésticos sem carteira assinada (33,6%), empregados do setor público sem carteira (29,8%) e empregados do setor privado sem carteira (22,9%). 

“Claramente os trabalhadores domésticos sem carteira foram os mais afetados pela pandemia. Parcela expressiva deles tem renda média abaixo de um salário mínimo. Já os com carteira foram menos afetados porque têm mais estabilidade”, explicou Azeredo. 

Entre os setores, o maior percentual de pessoas afastadas foi verificado em Outros serviços (37,8%), Serviço doméstico (28,9%) e Alojamento e alimentação (28,5%), este último um dos segmentos mais afetados pelo fechamento do comércio de rua. 

Já as atividades de Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura registraram o menor percentual de pessoas afastadas do trabalho após o início da pandemia: 6,8%. 

De acordo com o IBGE, o rendimento efetivo dos trabalhadores brasileiros caiu 18,2% em maio, para R$ 1.899. As maiores quedas foram verificadas nas regiões Nordeste (19,7%) e Sudeste (19,3%). 

Entre aqueles que permaneceram trabalhando, quase um terço trabalhou menos do que o habitual. O número médio de horas caiu de 39,6 horas habituais por semana para 27,4 horas de fato trabalhadas. Para outros 2,4 milhões de trabalhadores (3,6% das pessoas ocupadas e não afastadas), porém, a média de horas trabalhadas aumentou. 

O programa do governo federal para evitar demissões de trabalhadores formais autorizou a suspensão de contratos e a redução de jornada e salário dos trabalhadores. 

A pesquisa detectou que a taxa de desemprego em maio foi de 10,7%, com cerca de 10,1 milhões de brasileiros procurando trabalho. A estatística, porém, é diferente da taxa de desemprego calculada habitualmente pelo IBGE que considera entrevistas durante um período de três meses. 

Pela primeira vez na história, o instituto identificou que menos da metade das pessoas em idade de trabalhar tinha emprego no país: além dos desempregados, havia em maio 75,4 milhões de pessoas fora da força de trabalho, o que significa que não estavam trabalhando nem procurando emprego. 

Deste total, 34,9% não procuraram emprego, mas gostariam de trabalhar e 24,5% disseram que não foram em busca de vaga por causa da pandemia. 

A pesquisa do IBGE identificou também que 38,7% dos domicílios brasileiros receberam algum tipo de auxílio monetário relacionado à pandemia. O valor médio recebido pelos domicílios foi de R$ 847. 

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