A ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis) afirma que há atrasos na entrega de botijões de gás a distribuidores em sete estados do país. O abastecimento vem enfrentando obstáculos devido à mudança de perfil do consumo após o início das medidas de isolamento social.
Em boletim divulgado nesta sexta (17) a ANP diz que apenas 6 das 27 unidades da Federação não tiveram aumento das vendas de botijões até o início da pandemia. Em 12 deles, incluindo São Paulo, o consumo cresceu mais de 30% até a terça (14).
As entregas de gás de cozinha pela Petrobras aos distribuidores estão atrasadas no Rio Grande do Sul, no Paraná, em São Paulo, em Minas Gerais, na Bahia, Pará e no Amazonas. Na quarta (15), o diretor da ANP Felipe Kury disse que o abastecimento deve se normalizar em até duas semanas.
Com as medidas de isolamento, muitos brasileiros passaram a fazer refeições em casa, o que provocou também alta no preço dos alimentos. Além disso, revendedores relatam que consumidores decidiram estocar botijões em casa, com medo de interrupções no abastecimento.
A corrida por gás levou a problemas de falta do produto e aumento de preços. Somado ao aumento do consumo, a Petrobras vem produzindo menos gás de cozinha porque teve que reduzir as operações das refinarias para evitar gargalos no estoque de outros combustíveis.
“O mercado continua desabastecido. O problema está na falta de transporte até as distribuidoras para envase”, afirmou na quinta-feira (14) o presidente da Abragas (Associação Brasileira das Entidades de Classe das Revendas de Gás), José Luiz Rocha.
Também nesta sexta, o Ministério da Justiça informou que acionou órgãos reguladores na tentativa de barrar o tabelamento de preço do gás de cozinha no estado de São Paulo.
No início do mês, o governo do estado anunciou um acordo para estabelecer um teto de R$ 70 para o preço do botijão de 13 kg. A tratativa tem a concordância do Procon-SP.
Contrário à medida, o Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor da Secretaria Nacional do Consumidor do Ministério da Justiça oficiou a ANP e o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) para a adoção de providências.
A pasta diz temer que o tabelamento dos preços cause desabastecimento em São Paulo e outros estados que adotarem medida semelhante.