sexta-feira, 26 abril 2024

Alckmin foi acusado de desperdiçar água

Além de governar São Paulo, presidir o PSDB nacional e articular sua candidatura à Presidência da República, Geraldo Alckmin passou os últimos anos de mandato lidando com um imbróglio caseiro: faltou água no seu sítio em Pindamonhangaba (SP).

Mais do que isso, o tucano foi acusado por um vizinho de desperdício -e justamente no período crítico da crise hídrica no estado.
Famílias que vivem no terreno do ex-governador, que deixou o cargo em abril, acreditavam que tenha sido esse vizinho o responsável pelo corte do fornecimento da água.

Em junho de 2016, elas enviaram notificação extrajudicial a Tommaso Mambrini, 81, dono da Estância Onça Parda, fazenda de Pindamonhangaba vizinha ao sítio de Alckmin.

A água que chegava ao sítio era oriunda da Onça Parda, que havia passado por reformas para implantação de um sistema que abastecia o terreno de Alckmin.

Os representantes das famílias afetadas afirmaram que a água foi cortada deliberadamente, “criando uma verdadeira situação de calamidade” no local.

Mambrini, um produtor rural de forte sotaque italiano, nega a acusação.

Mas não só isso: sentiu-se ofendido pelas alegações e instalou um hidrômetro para provar que havia “absurdo consumo de água” na propriedade de Alckmin.

LEI DAS ÁGUAS
A reclamação de Mambrini foi parar, em 2017, no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista. O documento foi obtido pela Folha.

Nele, o produtor rural diz que o governador descumpriu a chamada Lei das Águas ao não indenizá-lo pelo fato de ter sido obrigado a instalar e fazer a manutenção de um sistema de fornecimento de água para o terreno do tucano, com “eventual desvalorização” da sua propriedade.

Ainda afirma que “por diversas vezes (todas registradas em cartas endereçadas ao senhor Geraldo Alckmin) informei a v. senhorias a respeito do enorme consumo e desperdício de água em que incorriam”.

Isso o fez instalar um hidrômetro, que apontou, de janeiro a junho de 2016, o gasto de 670 mil litros de água potável “para abastecer uma ou duas famílias” -ele frisa que a ONU recomenda entre 50 e 100 litros de água por pessoa, por dia, para a satisfação de necessidades básicas e para evitar problemas de saúde.

“Causa estranheza o fato de v. senhoria alegar estar em situação de calamidade na medida em que, mesmo com a alegada interferência no acesso à água, a fazenda em que residem recebe (…) 3.984 litros de água potável por dia”, afirmou Mambrini no ofício.

Mambrini não informa se o conflito foi resolvido após o ofício enviado ao Bandeirantes. Diz não se recordar da notificação que recebeu e da resposta que enviou ao tucano.

Procurado via assessoria, o ex-governador Geraldo Alckmin não se manifestou. O ex-governador é assíduo frequentador da cidade e diz que o sítio é o seu local favorito.

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