sábado, 23 novembro 2024

Alunos saem pior do que entraram no ensino fundamental

Estudantes deixam o ensino fundamental com desempenho pior do que entraram, em média, no Brasil. É o que mostram os resultados das avaliações do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb), divulgados  pelo MEC (Ministério da Educação).
As provas que avaliam os estudantes de escolas públicas em língua portuguesa e matemática mostram que os estudantes chegam a um nível maior de aprendizagem nas disciplinas no 5º ano do que no 9ª ano, quando deixam o ensino fundamental.
Os resultados mostram que, quando fazem a avaliação no 5º ano, os estudantes ficam, em média, no nível 4 de proficiência, tanto em língua portuguesa quanto em matemática – em uma escala que vai de 0 a 9 em português e de 0 a 10 em matemática. De acordo com os critérios do MEC, no nível 4, os estudantes aprenderam o básico em ambas disciplinas.
No 9º ano, o resultado piora. Em média, os estudantes estão no nível 3, tanto em língua portuguesa quanto em matemática, o que significa que não alcançaram nem mesmo o nível básico e tiveram uma proficiência insuficiente.
Nessa etapa, a escala vai até 8 em português e 9 em matemática, mas os critérios do MEC para classificar a aprendizagem como suficiente permanecem os mesmos.
TRAJETÓRIA
Em média, os estudantes do 5º ano obtiveram 215 pontos em língua portuguesa em 2017 e 224 pontos em matemática. Os números apresentam aumento em relação à avaliação anterior, em 2015, quando as pontuações foram respectivamente 208 e 219. Os resultados do 5º ano melhoram a cada ano desde 2003 tanto em português quanto em matemática.
No 9º ano, as médias crescem a ritmo mais lento, desde 2007 em português e, desde 2015 em matemática. A média passou de 252 para 258 em língua portuguesa de 2015 para 2017 e de 256 para 258 no mesmo período em matemática.
No 5º ano, cerca de 58% dos municípios que participaram da avaliação tiveram média inferior à nacional em português e 56% tiveram média inferior à brasileira em matemática. No 9º ano, essa porcentagem aumenta, cerca de 63% dos municípios ficaram abaixo da média em português e 61% em matemática. A etapa de ensino é ofertada majoritariamente pelas redes municipais. Esses municípios estão concentrados principalmente nas regiões Norte e Nordeste.
MINISTÉRIO
Na avaliação do MEC e do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), responsável pela avaliação no ensino fundamental há avanços, sobretudo no 5º ano, em ambos os componentes avaliados. A pasta reconhece que no 9º ano, “os avanços foram menores”.
Os resultados são do Saeb, aplicado em 2017 aos estudantes do 5º e do 9º ano do ensino fundamental de escolas públicas, além dos estudantes do último ano do ensino médio de escolas públicas de forma censitária e para estudantes de escolas particulares de forma amostral. Cerca de 77% dos estudantes participaram das provas, totalizando cerca de 5,5 milhões de alunos de 73 mil escolas.

 
Ensino médio não aprende o básico

Cerca de 70% dos estudantes que concluíram o ensino médio apresentaram resultados considerados insuficientes em matemática. A mesma porcentagem não aprendeu nem mesmo o considerado básico em português, segundo resultados do Saeb.
Em português, os estudantes alcançaram, em média, 268 pontos, o que coloca o país no nível 2, em uma escala que vai de 0 a 8. Até o nível 3, o aprendizado é considerado insuficiente pelo MEC. A partir do nível 4, o aprendizado é considerado básico e, do nível 7, adequado. Na prática, isso significa que os brasileiros deixam a escola provavelmente sem conseguir reconhecer o tema de uma crônica ou identificar a informação principal em uma reportagem.
Em matemática, os estudantes alcançaram, em média, 270 pontos, o que coloca o país no nível 2, de uma escala que vai de 0 a 10, e segue a mesma classificação em língua portuguesa. A maior parte dos estudantes do país não é capaz, por exemplo, de resolver problemas utilizando soma, subtração, multiplicação e divisão.
Na média, 43 pontos separam os estudantes que pertencem ao grupo dos 20% com o mais alto nível socioeconômico dos 20% do nível mais baixo, em português, no país.
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