sexta-feira, 19 abril 2024

Analistas veem alta maior do PIB em 2021, mas alertam para Covid e falta de energia

Entre os fatores que poderiam atrapalhar esse resultado melhor, estão os riscos de falta de energia  

O IBGE divulgou que a economia brasileira cresceu 1,2% no primeiro trimestre, em relação ao trimestre anterior ( Foto: Agência Brasil)

O resultado do PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil no primeiro trimestre veio acima do projetado pela maior parte dos analistas e levou a uma série de revisões nas previsões de crescimento para o país este ano.

Nesta terça-feira (1º), o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou que a economia brasileira cresceu 1,2% no primeiro trimestre, em relação ao trimestre anterior. O resultado mostra uma desaceleração na recuperação do PIB vista no fim do ano passado.

Ainda assim, o resultado veio acima do que esperavam analistas consultados pela agência Bloomberg, que estimavam um avanço de 0,8% na comparação com o trimestre anterior, o que teve impacto nas previsões para o ano.

O banco Goldman Sachs, por exemplo, mudou as estimativas de crescimento para a economia brasileira em 2021, de alta de 4,6% para 5,5%, considerando que não haverá um problema no fornecimento de energia este ano, que haverá uma redução no gargalo das cadeias de produção e que a pandemia dará uma trégua no segundo semestre.

O BofA (Bank of America), por sua vez, elevou de 3,4% para 5,2% a projeção de crescimento para o PIB brasileiro, ante os 3,4% previstos anteriormente, considerando os sinais preliminares de que o primeiro trimestre foi melhor do que o imaginado anteriormente.

Apesar do recrudescimento da pandemia de Covid-19 no começo do ano, que fez saltar o número de mortos pelo vírus no país e prejudicou o funcionamento de comércio e serviços, a instituição destacou que os negócios estavam mais adaptados aos desafios impostos pela pandemia e os impactos do começo da vacinação no país.

A instituição, por outro lado, também espera uma inflação maior este ano (de 5,2% para 5,9%), ao avaliar que as pressões que antes eram consideradas temporárias têm se mostrado persistentes.

“Há uma pressão pela alta dos preços das commodities em nível global, enquanto a depreciação acumulada do real intensificou essa tendência. Além disso, os preços da eletricidade devem ser maiores neste ano”, diz o relatório.

A MB Associados também revisou as perspectivas para o ano. Antes, eles previam um crescimento de 3,2% para 2021. Agora, a previsão é de 4,1%.

Segundo a consultoria, o resultado do primeiro trimestre veio melhor do que o esperado, e os impactos positivos das commodities (os produtos básicos, como a soja) começaram a aparecer nos resultados das contas nacionais.

“Tanto a agropecuaria quanto a industria extrativa tiveram forte expansao na margem, refletindo o boom que o segmento tem passado desde o ano passado. Entretanto, o efeito do agro tende a ser menor com os problemas de safra deste ano em milho e cafe, especialmente.”

A MB ressalta, ainda, que os setores mais impactados pela pandemia ainda têm recuperação lenta, como o consumo (do lado da demanda) e serviços (do lado da oferta).

Já o FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getulio Vargas) manteve a estimativa de crescimento de 4,2% para a economia brasileira este ano. A economista Silvia Matos ressalta que a previsão anterior à divulgação do PIB do primeiro trimestre já era maior do que o estimado pela maioria dos analistas.

A Necton, por sua vez, trabalhava antes com um cenário de crescimento de 3,8% para o PIB deste ano. Agora, a perspectiva é de um avanço de 4,5%.

Entre os fatores que poderiam atrapalhar esse resultado melhor, o economista-chefe da instituição, André Perfeito, destaca os riscos de falta de energia, o agravamento da pandemia com a perspectiva de uma nova onda mais forte e a demanda ainda fraca.

Existem incógnitas, como uma terceira onda da pandemia e problemas de abastecimento de energia devido aos baixos níveis de reservatórios, ressalta o ex-diretor do Banco Central e consultor da Schwartsman e Associados, Alexandre Schwartsman.

“No caso de nenhum desses riscos se materializar, o crescimento do PIB pode ser de 5,0% a 5,5%, já contemplando uma provável desaceleração no segundo trimestre.” 

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