Segundo a agência, não há registros de casos semelhantes no país até o momento, e dados apontam para risco baixo
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) divulgou um comunicado nesta sexta-feira (9) em que informa sobre relatos, ocorridos nos Estados Unidos, de possíveis casos raros de miocardite, uma inflamação no músculo do coração, após uso de vacinas da Pfizer e Moderna.
Destas, apenas a Pfizer é usada hoje no Brasil na campanha de vacinação contra a Covid.
Segundo a agência, não há registros de casos semelhantes no país até o momento, e dados apontam para risco baixo.
Para o órgão, porém, “a situação indica necessidade de uma maior sensibilização por parte dos serviços e profissionais de saúde para o adequado diagnóstico, tratamento e notificação de casos”.
“A identificação precoce de sintomas e a adoção de tratamento oportuno são aspectos fundamentais para uma melhor evolução clínica”, informa a agência, que reforça que a vacinação deve ser mantida.
A divulgação do comunicado ocorre após análise da FDA, agência norte-americana na área de medicamentos, sugerir um aumento nos riscos para miocardite e pericardite –nome dado a uma inflamação do tecido que envolve o coração– após uso da segunda dose de imunizantes contra Covid que usam a tecnologia de RNA mensageiro, como a Pfizer e Moderna.
A maior parte desses casos, registrados também em Israel, têm sido leves e ocorrido em adolescentes e homens adultos jovens.
Em nota, a agência brasileira ressalta que o risco de ocorrência desses eventos é baixo, mas recomenda a profissionais de saúde que fiquem atentos e perguntem a pacientes que tiverem sintomas se receberam a vacina, especialmente a da Pfizer.
“Portanto, a Anvisa orienta aos vacinados com o imunizante da Pfizer que procurem atendimento médico imediato se tiverem sintomas como dor no peito, falta de ar e palpitações. Além disso, orienta os profissionais de saúde e os cidadãos a notificarem imediatamente casos suspeitos à agência”, informa.
O órgão reforça ainda que mantém a recomendação de uso da vacina dentro das indicações previstas, já que os benefícios da proteção superam os riscos.
Segundo comunicado da agência, os relatos de miocardite e pericardite nos EUA foram identificados sobretudo em adolescentes e adultos jovens, predominantemente do sexo masculino e acima dos 16 anos –lá, a vacina é indicada a partir de 12 anos.
Em geral, os casos que foram notificados ocorreram após alguns dias depois da segunda dose da vacina.
Ainda de acordo com a agência, a gravidade dos casos pode variar. Análise do FDA, porém, aponta que a maioria das pessoas que teve o evento e procurou atendimento médico respondeu bem ao tratamento.
“Com o avanço da vacinação de pessoas mais jovens no Brasil, torna-se necessário que os cidadãos e profissionais de saúde fiquem atentos aos sinais e sintomas do evento adverso e notifiquem imediatamente os casos suspeitos”, aponta o órgão.
A notificação de possíveis casos raros de miocardite e pericardite deve ser feita por meio dos sistemas VigiMed, Notivisa ou e-SUS Notifica.
Ainda no comunicado, a agência diz ter solicitado à Pfizer a mudança na bula da vacina para inclusão dos possíveis casos na seção de “advertências e precauções”.
Questionada pela reportagem, a Pfizer informou, em nota, que “está ciente dos relatos raros de miocardite e pericardite após aplicação de vacinas que usam a plataforma de RNA mensageiro”.
A farmacêutica cita posicionamento do CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças), dos EUA, o qual aponta que os casos são extremamente raros e apresentam boa recuperação após tratamento.
“É importante observar que o CDC continua a incentivar fortemente a vacinação contra a Covid-19 em pessoas elegíveis com 12 anos ou mais. Com centenas de milhões de doses administradas globalmente, o perfil de risco-benefício de nossa vacina permanece positivo.”