Segundo levantamento, 181 deputados votariam hoje a favor da proposta, mas são necessários 308 votos
Mônica Bergamo
Folhapress
Um levantamento feito pelos próprios deputados que apoiam o presidente Jair Bolsonaro mostra que eles não têm votos, hoje, para aprovar no plenário da Câmara dos Deputados a adoção do voto impresso no Brasil.
De acordo com uma tabela publicada até mesmo em site de parlamentares alinhados com o presidente, 181 deputados hoje votariam com certeza a favor da proposta de emenda constitucional (PEC) que prevê o voto impresso. E 209 votariam seguramente contra ela. Outros 123 ainda não teriam explicitado a sua posição e poderiam pender para qualquer um dos dois lados.
Com isso, seria impossível nesta semana alcançar o quórum mínimo de 308 votos para o voto impresso, o equivalente ao apoio de três quintos dos 513 parlamentares, necessário para aprovação de emenda constitucional.
Os bolsonaristas dizem acreditar, contudo, que poderiam pressionar outros parlamentares a mudar de posição caso ganhem tempo para isso.
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), já anunciou que a votação será nesta semana, mas disse que ainda conversaria com os líderes partidários para bater o martelo. Ele deve se reunir nesta segunda (9) com eles para anunciar então a data de votação da proposta.
A PEC foi rejeitada na semana passada na comissão especial que analisava o tema, por 23 votos a 11. Mesmo assim, Arthur Lira decidiu que ela seria também analisada em plenário, o que daria, segundo ele, maior legitimidade à decisão.
Lira avisou antes o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que ela será rejeitada. Com isso, estaria aberto um caminho de entendimento entre Bolsonaro e os magistrados do TSE e do STF (Supremo Tribunal Federal), que têm sido insistentemente atacados pelo presidente.
No fim de semana, Bolsonaro chegou a chamar o ministro Luís Roberto Barroso, que presidente o TSE, de “filho da p…”.
Ele já espalhou fake news e ofensas contra o magistrado, e costuma atacar também o ministro Alexandre de Moraes, que é o relator do inquérito das fake news e também integra o TSE.
Na semana passada, o TSE decidiu abrir investigação contra Bolsonaro por eventual crime eleitoral ao espalhar fake news sobre as urnas eletrônicas.
Ao mesmo tempo, enviou notícia-crime ao STF para que ele seja investigado também no âmbito penal. Depois disso, o ministro Alexandre de Moraes incluiu Bolsonaro entre os investigados no inquérito das fake news.