sábado, 23 novembro 2024

Bolsonaro entrega ao Congresso MP do novo Bolsa Família sem explicitar fonte orçamentárias

Medida provisória do Auxílio Brasil traz formato do programa, objetivos e diretrizes, mas sem estabelecer valores nem explicitar as fontes orçamentárias  

Bolsonaro foi até a Câmara dos Deputados entregar a MP a Arthur Lira – Cleia Viana/Câmara dos Deputados

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) entregou na manhã desta segunda-feira (9) ao Congresso a MP (medida provisória) que cria o Auxílio Brasil, programa que substituirá o Bolsa Família.

O texto foi entregue por Bolsonaro ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). O presidente foi ao Congresso acompanhado pelos ministros Flávia Arruda (Secretaria de Governo), Ciro Nogueira (Casa Civil), Paulo Guedes (Economia), João Roma (Cidadania), Luiz Eduardo Ramos (Secretaria-Geral), e general Augusto Heleno (Gabinete Segurança Institucional).

Até o fim de semana, o plano era que a MP estabelecesse o formato do programa, seus objetivos e diretrizes, mas sem valores ou detalhes sobre as fontes orçamentárias. Após ser questionado nesta manhã sobre qual o valor pago pelo novo programa, Bolsonaro afirmou que será pelo menos 50% maior que o atual (média de R$ 190).

De acordo com Bolsonaro, a PEC (proposta de emenda à Constituição) que parcela os precatórios virá “mais tarde”.

Lançado em meio às incertezas que rondam o Orçamento de 2022, a expectativa era de que o texto do Auxílio Brasil condicionasse parte do programa à real existência de recursos, abrindo caminho para que certas medidas fiquem apenas no papel.

O programa surge no momento em que a classe política pressiona por gastos em diferentes frentes e o espaço disponível no teto de gastos é comprimido pelo avanço da inflação e pelo consequente reajuste de despesas obrigatórias (como aposentadorias).

As contas públicas estão no vermelho desde 2014, e a equipe econômica concentrou esforços nos últimos meses para tentar fazer o pagamento médio por família se elevar dos atuais R$ 190 para algo mais próximo de R$ 300.

Pressão por R$ 400

O valor caberia, com aperto, no teto de gastos. Mas Bolsonaro e aliados pressionam por mais e citam nos bastidores um possível valor de R$ 400.

Mesmo com as indefinições sobre os números, a proposta do Auxílio Brasil já representa a maior mudança na política do Bolsa Família desde sua criação.

O programa criado no primeiro ano do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve deixar de existir formalmente após quase 18 anos e ter o arcabouço legal revogado até o fim deste ano.

O Auxílio Brasil, no entanto, manterá as premissas do antecessor ao atender famílias em situação de extrema pobreza (renda mensal de até R$ 89 por pessoa, segundo o padrão atual do governo) e pobreza (entre R$ 89 e R$ 178).

Hoje, o Bolsa Família vai para famílias em situação de pobreza ou extrema pobreza e que tenham na composição gestantes, mães que amamentam, crianças ou adolescentes até 17 anos.

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