O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a descredibilizar a eficácia da vacina. Bolsonaro afirmou em evento de filiação em Jundiaí do prefeito do município Luiz Fernando Machado ao Partido Liberal (PL) nesse sábado (17), que vacinas possuem grafenos – uma das formas cristalinas do carbono – que se acumulam nos testículos e ovários.
Enquanto, o Senador Astronauta Marcos Pontes (PL-SP) discursava sobre a importância do composto para o desenvolvimento econômico do país, Bolsonaro o interrompeu dizendo “Agora, vão cair para trás aqui”, enfatizou ele, “a vacina de RNA tem dióxido de grafeno, tá? Onde ele se acumula? Segundo a Pfizer que eu fui lá ver aquele trem lá, no testículo e no ovário”. O ex-presidente afirmou com convicção que havia lido a bula da vacina.
Segundo descrito pelas bulas da Pfizer e da Janssen – únicas no pais que são imunizantes de RNA no Brasil – a bula não cita a presença de grafeno em nenhuma das composições.
As bulas das vacinas Pfizer, Janssen, AstraZeneca e Coronavac são distribuídas pelo SUS (Sistema Único de Saúde) e também podem ser acessadas pelo site do Governo Federal por meio do site: www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/noticias-anvisa/2022/acesse-as-bulas-das-vacinas-contra-a-covid-19.
Além deles, também estiveram no evento, o governador Tarcísio de Freitas e o Deputado Estadual André do Prado, do mesmo partido.
Pedido de desculpas
Neste domingo (18), por meio de suas redes sociais, o ex-presidente, em um raro momento, pediu desculpas pela divulgação por divulgar uma fake News. Bolsonaro afirmou ser um entusiasta do potencial de emprego do óxido de grafeno, por isso acabou relacionando a substância com a vacina.
Confira na íntegra o pedido de desculpas de Bolsonaro:
“Em relação a uma conversa no dia de ontem, na cidade de Jundiaí (SP), sobre a existência de óxido de grafeno na vacina de tecnologia mRNA, houve um equívoco da minha parte.
Como é de conhecimento público sou entusiasta do potencial de emprego do óxido de grafeno, por isso, inadvertidamente relacionei a substância com a vacina, fato desmentido em agosto de 2021.
Mais uma vez lamento o falado e peço desculpas.”
Bolsonaro já havia mentido sobre a vacinação em casos anteriores, dizendo que imunizantes poderiam transmitir AIDS ou que, caso as pessoas tivessem contraído a doença, não seria necessário se imunizar.
Julgamento do TSE
A fala equivocada do ex-presidente aconteceu 5 dias antes do julgamento no STF (Supremo Tribunal Federal), na próxima quinta-feira (22) que decidirá sua inelegibilidade justamente por espalhar notícias falsas.
Desta vez, Jair Bolsonaro será julgado por negar a fidelidade das urnas eletrônicas e atacar o sistema eleitoral, fazendo com que seus eleitores descredibilizassem o processo das eleições.
Caso seja condenado pela maioria dos ministros da corte, Bolsonaro pode se tornar o primeiro ex-presidente a perder direitos políticos por decisão da Justiça Eleitoral.