O prefeito Bruno Covas (PSDB) enfrentará Guilherme Boulos (PSOL) no segundo turno da eleição para a Prefeitura de São Paulo, no próximo dia 29.
Com 99,67% dos votos apurados, o tucano confirmou o favoritismo detectado nas pesquisas e está com 32,85% dos votos válidos, contra 20,24% de Boulos, que superou Márcio França (PSB), por enquanto com 13,65% dos votos, e Celso Russomanno (Republicanos), com 10,50%.
Na manhã deste domingo, Covas esteve cercado de apoiadores. Acompanhou a votação da ex-prefeita Marta Suplicy, do governador João Doria (PSDB) e do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
“Time que ganha Copa do Mundo não escolhe adversário”, limitou-se a dizer.
Pela manhã, em meio a aglomeração de militantes e jornalistas, Boulos votou acompanhado da mulher e das filhas e disse ter confiança de que iria ao segundo turno e, nesse caso, de que ganharia a eleição contra o hoje favorito Covas. “Está sendo o resgate de um jeito de fazer política com esperança, com sonho, com princípios”, disse.
Boulos, que exalta o fato ter feito campanha sem o uso da máquina pública, busca agora formar sua coalizão progressista, com apoio dos candidatos derrotados, como Jilmar Tatto (PT).
Ao votar, neste domingo, Tatto indicou a disposição de se aliar ao candidato do PSOL caso ele fosse para o segundo turno.
O ex-presidente Lula (PT), também em seu local de votação, responsabilizou diretamente o candidato do partido pela decisão de manter sua candidatura, após os apelos para desistir ou declarar apoio a Boulos ainda no primeiro turno.
O ex-presidente disse que a posição de Tatto, informada à presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, foi “uma atitude soberana” do ex-deputado federal.
Petistas chegaram a demonstrar irritação com os pedidos e a movimentação de Boulos pelo voto útil da esquerda ainda no primeiro turno, mas tudo indica que o PSOL receberá o endosso do PT afinal.
Em uma reunião na terça (10), Gleisi pressionou Tatto a desistir, mas ele não cedeu. A campanha do petista agora cobra explicações a respeito do vazamento desse encontro, que criou um fato político negativo na reta final e foi visto como um movimento da direção do PT pelo voto útil de esquerda.
O segundo turno de 2020 é uma nova versão da tradicional polarização entre esquerda e direita na cidade. Mais viável que Tatto, Boulos acumulou durante a campanha o apoio de petistas históricos.
A segunda fase da disputa eleitoral será mais curta – apenas duas semanas. O calendário eleitoral foi modificado por causa da pandemia do coronavírus.
A coordenação da campanha de Covas promete manter o mesmo tom do primeiro turno, exaltando a trajetória do prefeito e sua gestão. A ideia é seguir fugindo da nacionalização, mas neste domingo Covas comentou que o apoio de Jair Bolsonaro apenas prejudicou seu aliado, Russomanno.
O prefeito vai explorar a estratégia, no segundo turno, de colar em Boulos a pecha de radical e se contrapor como moderado.
Na véspera da eleição, o coordenador da campanha de Covas, Wilson Pedroso, afirmou à reportagem que a equipe já trabalhava com Boulos como favorito para o segundo turno.
Covas tem em torno de si uma coligação com 11 partidos.
COVAS | Com 99,67% dos votos apurados, tucano liderava com 32,85% (Foto: Divulgação)