quarta-feira, 24 abril 2024

O número da tragédia

Brasil bate a triste marca de 600 mil vidas perdidas pela Covid-19 

PROTESTO | Manifestantes carregam faixas contra o governo Bolsonaro e cruzes simbolizando as 600 mil mortes por Covid-19 no país, número atingido nesta sexta-feira (Foto: Pedro França / Agência Senado)

PHILLIPPE WATANABE
Folhapress

O Brasil superou as 100 mil mortes por Covid no distante 8 de agosto de 2020. Cinco meses depois, nos primeiros dias de janeiro, a cifra tinha dobrado. Mais 75 dias e o número já era 300 mil. O próximo marco, 400 mil, veio em fins de abril, apenas 36 dias depois. Em meados de junho, o país contava meio milhão de vidas perdidas para o coronavírus.

O ritmo da tragédia se desacelerou desde então, e quase quatro meses se passaram até o Brasil alcançar 600.077 mortes por Covid, às 14h22 desta sexta-feira (8). Às 20h, com os 628 óbitos registrados no dia, o país chegou a 600.493 vidas perdidas para a Covid.

Também foram registrados 17.790 casos da doença, elevando o total de infecções para 21.550.000. As médias móveis de mortes e casos estão em estabilidade: 457 óbitos e 15.177 pessoas infectadas por dia.

Principalmente o avanço da vacinação em todo o país pode ser tido como o principal fator a explicar essa redução de velocidade.

Mais de 92% da população adulta brasileira já recebeu ao menos uma dose do imunizante contra a Covid, e mais de 60% têm o esquema vacinal completo, com duas doses ou dose única.

Enquanto aumenta a vacinação, cai a média móvel de mortes diárias, segundo o consórcio de veículos de imprensa.
Em abril, a média chegou a ficar por sete dias acima de 3.000 óbitos diários por Covid. Ao longo de 2021, foram 61 dias (55 deles seguidos) com médias acima de 2.000 mortes. Desde o início da pandemia, foram 247 dias com média de ao menos 1.000 vidas perdidas por dia. Agora, a média móvel é de 438, a menor desde 13 de novembro.

APESAR DE BOLSONARO
Se há alguns meses o Brasil causava preocupação global pelo descontrole da pandemia, chegando a registrar mais de 4.000 óbitos em 24 horas, agora parece ter se saído melhor do que diversos outros países no enfrentamento da variante delta do vírus.

Isso apesar dos esforços em contrário do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), para quem a Covid não passava de “fantasia da grande mídia”, uma “gripezinha”, um “mimimi”. Ele ainda demorou a mobilizar seu governo para comprar vacinas e lançou dúvida sobre a eficácia da Coronavac por sua origem chinesa.

Durante a pandemia, Bolsonaro teve quatro ministros da Saúde. Os dois primeiros, Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, deixaram o cargo por divergências com o presidente. O terceiro, o general do Exército Eduardo Pazuello, ficou quase um ano no posto e como um dos investigados na CPI da Covid-19.

O quarto ministro, Marcelo Queiroga, assumiu com um discurso mais conectado ao consenso científico, mas mudou de atitude recentemente e passou a fazer acenos ao bolsonarismo para permanecer na Esplanada.

“É difícil falar que estamos melhor quando batemos 600 mil óbitos. É impossível não relembrar todos os equívocos, erros, negligências que aconteceram nesse período de quase dois anos”, diz Raquel Stucchi, professora da Unicamp e consultora da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia).

De toda forma, diz a especialista, “hoje nossa realidade, sem dúvida nenhuma, é melhor”.

A situação de maior tranquilidade lembra o segundo semestre de 2020, quando também houve forte redução de casos e mortes. 

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