Com mais de duas décadas de existência, o programa Jovem Aprendiz segue como uma das principais portas de entrada para o mercado de trabalho no Brasil. Criado pela Lei nº 10.097/2000, o projeto garante aos jovens a chance de iniciarem sua trajetória profissional de forma legal, combinando formação técnica com experiência prática em empresas.
De acordo com dados do Ministério do Trabalho e Emprego, mais de 58 mil jovens foram contratados como aprendizes no primeiro semestre de 2024, representando um crescimento de 8% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Para o advogado trabalhista Thiago Baptista, o programa é essencial para quebrar barreiras históricas que dificultam o acesso dos jovens ao primeiro emprego.
“Ele permite o ingresso do jovem, quebrando o ciclo da exigência de experiência. Um jovem de 14, 16 ou 18 anos geralmente ainda não tem vivência no mercado. Mas, graças à lei, ele pode ser contratado e começar a adquirir essa experiência, convivendo com profissionais mais experientes”, explica o especialista.
A legislação determina que empresas de médio e grande porte reservem entre 5% e 15% de suas vagas para jovens entre 14 e 24 anos, que estejam matriculados na escola. Podem aderir ao programa empresas com ao menos sete funcionários, exceto aquelas enquadradas no Simples Nacional, incluindo microempresas.
“Além da formação técnica, o programa tem um papel social importante. O jovem chega sem vícios do mercado e pode ser moldado conforme a cultura e a necessidade da empresa. E, para além disso, empresas que contratam jovens aprendizes também são vistas com bons olhos pela sociedade”, acrescenta Thiago.
Guarda Mirim de Santa Bárbara se destaca como exemplo de formação
Em Santa Bárbara d’Oeste, o programa Guarda Mirim é uma das principais iniciativas locais ligadas à Lei do Jovem Aprendiz. A organização oferece capacitação teórica e prática por meio de cursos e parcerias com empresas, preparando adolescentes para os desafios do mundo corporativo.
Uma das beneficiadas é Melissa Bombacini, de 16 anos, que atua como jovem aprendiz na área de Recursos Humanos.
“A gente passa seis meses em cursos de informática e outras áreas que ajudam no trabalho. Depois, ficamos dez dias na Guarda aprendendo sobre convivência e o ambiente empresarial. Quando somos contratados, continuamos indo um dia por semana para aprender ainda mais”, conta Melissa, que já começa a vislumbrar um futuro profissional promissor.

Atualmente, Melissa concilia os estudos no Ensino Médio com a rotina no programa, demonstrando que é possível equilibrar o aprendizado escolar com a prática profissional. A experiência na área de Recursos Humanos tem ajudado a jovem a identificar seus interesses e a pensar no futuro que deseja construir. Melissa comenta que tem vontade de cursar Psicologia, área relacionada com seu cargo atual, ou alguma outra área da saúde.
“Eu sempre falo que eu me sinto muito esforçada, porque muitas pessoas queriam estar no meu lugar e eu sempre penso isso. Então eu sempre vou dar o meu melhor. E sempre que eu falo pra todo mundo que me pergunta, que eu tenho amizade, me falam como que eu consigo conciliar. É questão de você mesmo, você faz por você. Ninguém vai fazer por você. Ninguém tira seu conhecimento, ninguém tira nada.”, comenta Melissa.