Entre 2016 e o fim de 2019, os investimentos feitos em estoque de capital no Brasil não conseguiram superar a depreciação da estrutura produtiva que já existia, diz estudo divulgado hoje (8) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Como resultado, o estoque de capital usado para produzir diminuiu ao longo do período e voltou a aumentar somente no início deste ano.
Os dados constam da pesquisa Estoque de Capital Fixo no Brasil: Séries Desagregadas Anuais, Trimestrais e Mensais, que foi divulgada pela primeira vez nesta terça-feira e deve ser atualizada trimestralmente.
A redução de capital constatada após a crise econômica que começou em 2014 foi a primeira desde 1947, segundo o Ipea. Como o país havia expandido sua capacidade produtiva nos anos anteriores, a depreciação desse capital continuou crescendo nos anos seguintes. Por outro lado, os investimentos na formação de capital, como máquinas e construção, começaram a cair a partir da recessão, e o resultado foi um investimento líquido negativo, explica o diretor de Estudos e Pesquisas Macroeconômicas do Ipea, José Ronaldo Souza Júnior.
“O estoque de capital vai se deteriorando com o tempo. E parte dos investimentos é justamente para cobrir essa depreciação, repor essa depreciação. Nesse período de 2016 a 2019, o investimento era tão baixo que sequer era suficiente para repor a depreciação. Tudo que era investido era para repor a deterioração, de tal forma que a capacidade produtiva estava diminuindo ao longo do tempo”.
Souza Júnior afirma que a reação do investimento líquido veio com o crescimento do investimento bruto, iniciado em 2017, e a queda da depreciação, com a redução do estoque de capital.
“Só no início de 2020, a gente começou a ter dados positivos de investimento líquido”, diz o diretor do Ipea. Ele pondera que a pandemia de Covid-19 já trouxe uma nova queda dos investimentos no segundo trimestre deste ano. “A gente espera que se isso se recupere no segundo semestre. Não totalmente, mas que haja uma recuperação parcial.”
O Ipea ressalta que as informações referentes a 2018 e 2019 são preliminares e devem ser revistos quando forem divulgados os dados anuais completos, que constaram no Sistema de Contas Nacionais, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).