quinta-feira, 18 abril 2024

Cai último reduto do Estado Islâmico na Síria

As Forças Democráticas da Síria (FDS), coalizão de milícias curdas e árabes apoiada militarmente pelos Estados Unidos, anunciaram na manhã deste sábado (23) a tomada de Baghuz, último vilarejo controlado pelo Estado Islâmico no país árabe, na fronteira com o Iraque.

“Este é um grande momento não apenas para nós, mas para todo o mundo”, disse Kino Gabriel, porta-voz das FDS. “Mas não podemos dizer que o EI está acabado. É verdade que eles estão acabados no chão como um exército permanente. Mas a ameaça do EI permanece em todo o mundo”, afirmou.

Baghuz é um pequeno aglomerado de aldeias e fazendas às margens do rio Eufrates, no extremo leste da Síria. Lá, as forças militares encontraram bombas, coletes para ataques suicidas e silenciadores de armas.

Os combates em Baghuz se intensificaram no início deste ano, à medida que os militantes do EI recuavam diante do avanço das tropas. Já no fim do cerco, os terroristas estavam confinados a um bairro.

Nos últimos quatro meses, pelo menos 40 mil pessoas de várias nacionalidades saíram do último reduto do EI na Síria, sob escolta das FDS. Só neste ano, milhares de civis e combatentes abandonaram a região.

Na cerimônia televisionada da tomada de Baghuz, o comando geral das FDS pediu ao governo do ditador sírio, Bashar al-Assad, que reconheça a administração autônoma dos curdos nas áreas controladas por eles no nordeste do país.

O anúncio deste sábado (23) põe fim, na prática, ao califado proclamado em junho de 2014 pelo líder da facção, Abu Bakr al-Baghdadi -o paradeiro do terrorista iraquiano, que já chegou a ser dado como morto, é desconhecido.

Desde o início do avanço da organização terrorista na cidade de Kobani, na fronteira com a Turquia, no início de 2015, combatentes das FDS lutam no norte e no leste da Síria, com ajuda da coalizão liderada pelos EUA.

O Estado Islâmico atraiu pessoas de todo o mundo. Um menino indonésio de 11 anos disse que esteve na Síria por quatro anos, trazido por seus pais, para se juntar ao grupo terrorista. Eles viviam no Iraque e no leste da Síria e ele usou armas, afirmou o menino.

No auge da expansão do autointitulado califado, o EI chegou a controlar, no Iraque e na Síria, uma área equivalente ao estado de São Paulo.

Cidades importantes, como Mossul, a segunda maior do Iraque, ficaram sob jugo da milícia, que impôs um regime de perseguição a não muçulmanos e outras minorias.

Apesar da perda completa de território da organização,  a coalizão afirma que o EI ainda representa uma ameaça. “Não podemos dizer que o EI está acabado. É verdade que eles estão acabados no chão como um exército permanente,  Mas a ameaça do EI permanece em todo o mundo”, disse o porta-voz das FDS.

Uma das preocupações é a capacidade do EI de influenciar indivíduos dispostos a praticar atentados no Ocidente, algo difícil de ser combatido.

Ainda que se tenha declarado a rendição militar da organização terrorista, os desafios para garantir a estabilidade da região persistem. Não está claro, por exemplo, quando o governo dos EUA pretende retirar por completo suas tropas da Síria, uma promessa de campanha do presidente Donald Trump.

Há ainda o conflito entre as milícias curdas e a vizinha Turquia, que as considera como um grupo terrorista.

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