sábado, 20 abril 2024

Caixa cortará recursos de grandes empresas e focará ações habitacionais

A Caixa Econômica Federal deve fechar a torneira do crédito para grandes empresas, direcionar recursos para a habitação e estimular o mercado de capitais com a venda de ações e debêntures.

A ideia é, com mecanismos próprios, levantar pelo menos R$ 150 bilhões em quatro anos para destinar a novos financiamentos imobiliários.

Desse total, pelo menos R$ 100 bilhões virão da venda de carteira de crédito, e outros R$ 50 bilhões, da abertura de capital de quatro subsidiárias.

Essa estratégia definida a executivos da Caixa pelo presidente do banco, Pedro Guimarães, significa uma reviravolta na política da instituição, que, até o momento, se comportou como as demais estatais -dependente de recursos do FGTS e do Tesouro para fazer negócios.

GRANDES EMPRESAS
Segundo o Banco Central, a Caixa concentra 67% dos empréstimos em grandes empresas, situação que se repete no Banco do Brasil e no BNDES.

“Quem vai para o mercado internacional buscar dinheiro não precisa ir lá [na Caixa]”, disse Guimarães em seu discurso de posse. Com pouca margem de manobra para ampliar o volume de crédito por causa das exigências internacionais mais rigorosas de segurança nos empréstimos, a Caixa do presidente Jair Bolsonaro devolverá R$ 40 bilhões ao Tesouro.

Ao mesmo tempo, o banco implementará um plano severo para fazer dinheiro.

Pelo menos quatro braços do banco, cujo capital é predominantemente da União, terão participações relevantes vendidas em Bolsa: seguros, aposentadorias privadas, loterias e gestora de investimentos.

A expectativa de Guimarães é que essas operações movimentem o mercado de capitais. Segundo ele, hoje somente 700 mil brasileiros investem em ações, o equivalente a 0,35% da população.A estimativa é que, com a abertura de capital das subsidiárias da Caixa, será possível fazer com que pelo menos 5 milhões de pessoas comprem papéis dessas empresas.

Em outra frente, Guimarães pretende vender a carteira imobiliária para terceiros, uma prática conhecida no mercado como securitização e que, até o momento, só encontrou barreiras nas administrações passadas.

Outro impulso para o mercado virá do FI-FGTS, o fundo bilionário com recursos do trabalhador que investe em infraestrutura.

Alvo da Lava Jato, que investigou operações envolvendo projetos com grandes empresas, o fundo só deverá liberar recursos para companhias de médio e pequeno portes com ações negociadas na Bolsa.

A ideia é modificar as regras para que, em vez de reaplicar os lucros decorrentes dos investimentos, o FI-FGTS possa destinar os recursos não usados para financiamentos habitacionais -algo como R$ 2 bilhões por ano.

A Caixa quer ser um banco para pessoas de baixa renda ao oferecer microcrédito nessas regiões. A meta é, em quatro anos, conceder 30 milhões de empréstimos com juros inferiores a 2%. Executivos do banco, ouvidos pela reportagem, dizem que as metas são muito ambiciosas e de difícil execução. Abrir mão de grandes clientes seria como dar um cavalo de pau nos rumos da instituição.

 

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