Taxa caiu de 3,35% ao ano para 2,95%
A Caixa Econômica Federal anunciou nesta quinta-feira (16) a redução de taxas de juros do crédito imobiliário, durante evento para o setor da construção civil realizado em Brasília. O evento contou com a participação do presidente do banco, Pedro Guimarães, e de representantes do setor.
Segundo a Caixa, a modalidade contará com taxas a partir de 2,95% ao ano (eram 3,35%), somadas à remuneração da poupança, o que representa uma queda de 0,4 ponto percentual. A redução vai na direção contrária ao aumento da taxa básica de juros, a Selic, que hoje está em 5,25% ao ano e deve subir pelo menos mais 1 ponto percentual na próxima semana, segundo projeções de mercado.
A Selic guia as demais taxas de juros, como as do financiamento imobiliário, e fez com que os principais bancos do país aumentassem os juros para compra da casa própria.
Simulações serão liberadas em outubro
As simulações com as novas condições da linha de crédito poderão ser feitas a partir do dia 4 de outubro. O cliente terá até 35 anos para pagar o financiamento, além da opção de carência de seis meses para início da parcela de juros e amortização.
“Se a gente não tivesse realizado rapidamente o movimento, o setor teria problema”, disse Pedro Guimarães, presidente da Caixa. Segundo ele, depois do setor agrícola, o imobiliário foi o que menos sentiu os impactos da pandemia no ano passado, devido à suspensão ou redução temporária do pagamento das parcelas dos financiamentos. Essa opção foi oferecida pelo banco no ano passado e novamente este ano.
“Ao invés de colocar o pé freio, como todos os outros fizeram, colocamos no acelerador. Ao fazer o que nós fizemos, a nossa taxa de inadimplência está menor”, afirmou. “Esse é um momento muito sensível, quando temos uma inflação um pouco maior”, afirmou. Segundo dados do IBGE, a inflação acumulada no país nos últimos 12 meses já é de 9,68%.
Guimarães disse, durante coletiva, que essa redução foi possível por conta do aumento de novos contratos de financiamento imobiliário. A carteira de crédito habitacional do banco soma R$ 534,6 bilhões e 5,8 milhões de contratos, o que corresponde a 67,1% de participação no mercado nacional. Somente em agosto deste ano, foram R$ 14,01 bilhões em novos contratos —o mês de maior contratação na história da Caixa. O crescimento foi de 33,3% em relação a 2020, e de 208,5% se comparado a 2019.
Durante o evento, Guimarães também comemorou os resultados apresentados pela Caixa, e disse que hoje a estatal empresta cerca de 500% mais dinheiro do que o mesmo período em 2018.
A redução dos juros já era esperada desde o início da semana. Na segunda (13), durante cerimônia de lançamento do Habite Seguro, programa de financiamento para policiais, Guimarães disse que a Caixa teve forte lucro “sem roubar” e que, por isso, reduziria os juros. Na ocasião, Guimarães marcou seu discurso com fala contra a corrupção. “Como não tem roubo, sobra dinheiro”, argumentou o presidente da Caixa, um apoiador declarado do governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Como funciona o crédito da Caixa atrelado à poupança?
- Nessa modalidade de crédito, além da taxa fixa — alvo da redução da Caixa — é cobrada uma taxa “variável”, atrelada ao rendimento da poupança. O rendimento da caderneta depende da taxa de juros, a Selic
- Quando a Selic for igual ou menor que 8,5% ao ano, que é o que ocorre agora, a poupança rende 70% da taxa vigente: ou seja, hoje, com a Selic a 5,25% ao ano, a poupança rende 3,68%
- Esse rendimento pode mudar se a Selic for superior a 8,5% ao ano —o que está bem perto de acontecer, caso a inflação não recue e o Banco Central mantenha o ritmo de elevação dos juros
- Nesse caso, a poupança passa a render 6,17% ao ano. No financiamento da Caixa há um limite para essa taxa variável, de 10,16%