Em depoimento à PF (Polícia Federal) no inquérito que investiga atos antidemocráticos, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) disse que não é “covarde ou canalha a ponto de utilizar robôs e omitir essa informação”.
A reportagem teve acesso ao depoimento, prestado no último dia 10.
Conhecido como filho 02, o vereador admitiu ainda relação com contas pessoais do pai, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), nas redes sociais.
Questionado pela PF, ele disse que não participa da política de comunicação do governo federal e que “tem relação apenas com divulgação dos trabalhos desenvolvidos pelo governo federal nas contas pessoais do declarante e do seu pai”.
Carlos prestou depoimento na Superintendência da PF no Rio de Janeiro.
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) também será ouvido pelos investigadores. A oitiva está prevista para a terça-feira (22).
O interrogatório foi realizado pela delegada Denisse Dias Rosas Ribeiro, encarregada de conduzir as investigações do inquérito que tramita no STF (Supremo Tribunal Federal), a pedido da PGR (Procuradoria Geral da República).
RESPONDEU
O vereador foi questionado sobre a utilização de robôs para impulsionamento de informações em redes sociais envolvendo memes ou trabalhos desenvolvidos pelo governo federal. Ele então respondeu “jamais fui covarde ou canalha a ponto de utilizar robôs e omitir essa informação”.
O inquérito em questão foi aberto em 21 de abril pelo ministro Alexandre de Moraes, a pedido da PGR, e mira integrantes da militância bolsonarista que participaram de manifestações com pautas favoráveis ao AI-5 (Ato Institucional 5) e ao fechamento do Congresso e do STF.
Moraes já determinou mandados de busca e apreensão, quebra do sigilo bancário e outras diligências contra dez deputados federais, um senador e diversos outros apoiadores do chefe do Executivo.
O filho 02 disse à PF foi questionado sobre sua eventual ligação com assessores da Presidência da República apontados como integrantes do chamado “gabinete do ódio”.
Ele disse que mantém contato com José Matheus Salles Gomes, um desses assessores, “em razão de solicitações realizadas pelo declarante [Carlos] no tocante a fornecimento de informações relacionadas aos trabalhos desenvolvidos pelo governo federal”.
Carlos negou qualquer relação com a criação ou divulgação de conteúdo caráter antidemocrático. Disse que não conhece Sara Giromini, conhecida como “Sara Winter” e apontada como líder do grupo de extrema-direita 300 do Brasil.
Disse ainda desconhecer o jornalista Oswaldo Eustáquio, apoiador do presidente e que foi preso por ordem do ministro Alexandre de Moraes no inquérito dos atos democráticos.