O treinamento na cidade ocorre no porão de uma escola – as aulas presenciais estão proibidas na Ucrânia em razão do conflito
A prefeitura da cidade de Ivano-Frankivsk, no oeste da Ucrânia, está oferecendo treinamento com armas para mulheres civis, em meio à guerra causada pela invasão russa, que completa 62 dias nesta terça-feira (26), com relatos de violência e estupros. As informações são do jornal britânico The Guardian.
O treinamento na cidade ocorre no porão de uma escola – as aulas presenciais estão proibidas na Ucrânia em razão do conflito. Ali, dez mulheres, com idades entre 18 e 51 anos, observam Serhiy Korneliyevych Hamchuk, um ex-coronel do exército ucraniano, mostrar como carregar munição no pente da arma.
No final de março, o prefeito de Ivano-Frankivsk, Ruslan Martsinkiv, anunciou que os campos de tiro em cinco escolas da cidade seriam reabertos para ensinar os civis a usar armas de fogo. Embora abertos a todos, os cursos são voltados principalmente para mulheres.
“Existem outras instituições onde os homens podem treinar, mas são cursos especiais organizados para mulheres. As mulheres precisam estar prontas para proteger a si mesmas e suas famílias”, diz ele.
O primeiro treinamento ocorreu em 31 de março, dia em que as forças ucranianas libertaram Bucha – nos dias seguintes ao menos uma centena de corpos foram encontrados na cidade e relatos de estupros ouvidos. Segundo a reportagem do jornal, milhares de mulheres correram para se inscrever e já há uma lista de espera de mais de 6.300 que querem aprender a atirar.
Para Natalia Anoshina, 51, a ideia de que ela poderia querer saber como manejar um rifle era algo que ela nunca havia considerado. Mas depois de ouvir sobre as atrocidades em Bucha, quando sua filha de 18 anos sugeriu que eles se inscrevessem, ela concordou.
“É um pesadelo, é simplesmente horrível. Minha mente não consegue processar essa informação, esse pavor”, diz ela sobre os casos ao Guardian.
“Levando em consideração o que está acontecendo em Kiev, acho que todos deveriam segurar uma arma e defender nosso país”, diz o ex-coronel.