sexta-feira, 19 abril 2024

Civil concentra policiais na delegacia de Sumaré

De acordo com dados do Sindpesp (Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo), o déficit estadual de efetivo na corporação está perto de 35% – então, em média, a Polícia Civil trabalha com apenas 65% dos seus cargos ocupados 

Medida adotada gera queixas de sindicalistas, que criticam déficit ( Foto: Arquivo/ Todo Dia)

Todos os investigadores dos seis distritos policiais da cidade Sumaré foram concentrados na delegacia central do município desde a última quinta-feira (10). Sindicatos da categoria discordaram da iniciativa. Em Hortolândia, houve a implementação do mesmo procedimento há cerca de dois meses.

A medida foi publicada no Diário Oficial em portaria da delegada Seccional de Americana, Martha Rocha.

Ao TODODIA, a delegada disse que reunir os investigadores em um único espaço é uma forma de “otimizar” o pouco efetivo que a corporação tem disponível.

De acordo com dados do Sindpesp (Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo), o déficit estadual de efetivona corporação está perto de 35% – então, em média, a Polícia Civil trabalha com apenas 65% dos seus cargos ocupados.

A Delegacia Seccional de Americana está muito abaixo da média estadual, em situação gravíssima, com somente 39% dos seus cargos ocupados – um déficit de 61%, sendo, segundo o sindicato, uma das seccionais com menor efetivo em comparação com o previsto em todo o estado.

Além de sobrecarregar os policiais, que chegam a realizar a função que deveria ser feita por quatro profissionais, esse déficit compromete a qualidade do serviço de investigação e a segurança pública dos moradores da região

“Esse déficit é um dos problemas que formam o triste cenário da Polícia Civil de São Paulo. Hoje trabalhamos com equipamentos obsoletos, viaturas sem manutenção e delegacias em péssimo estado de conservação”, diz a presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo, Raquel Kobashi Gallinati.

“A situação só não é pior pela dedicação dos policiais civis, que se desdobram para oferecer uma segurança pública de qualidade, ainda que o resultado fique abaixo da potencialidade da polícia, pela falta de investimento do governo”, completa a delegada.

Em números totais, o Estado tem 27.507 policiais civis, apesar da legislação determinar que a Polícia Civil tenha 41.912 policiais para a atividade em todo o Estado. Atualmente, o déficit é de 14.405 profissionais em números absolutos.

Para Aparecido Lima de Carvalho, o “Kiko”, que atua como presidente do Sindpol (Sindicato dos Policiais Civis) de Campinas e Região, a medida adotada em Sumaré é absurda.

“É apenas uma forma de maquiar um problema sistêmico de falta de pessoal. Reunir todos os investigadores em um único local não muda nada, apenas o endereço. O que deveria ser feito é a realização de novos concursos para a contratação de novos investigadores. Ao nosso ver, essa medida não ajuda em nada”, afirmou. 

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