Em uma cerimônia cercada de simbolismo, o Papa Francisco conduziu sozinho nesta sexta-feira (27) uma bênção pela luta contra o coronavírus diante de uma praça de São Pedro completamente vazia.
Para completar o cenário, o Vaticano levou para o local o mítico crucifixo milagroso, que segundo a tradição salvou Roma da peste negra há quase 500 anos.
Segundo a lenda, a epidemia que atingiu a cidade em 1522 acabou após uma procissão de 16 dias com o crucifixo pelas ruas.
No último dia 15, o pontífice já tinha ido até a igreja onde o crucifixo costuma ficar na capital italiana para rezar pelo fim da pandemia.
A Itália é um dos países mais atingidos pela pandemia atual, com 86.498 casos confirmados e 9.134 mortes –nesta sexta, quase mil pessoas morreram no país em decorrência do vírus. Já o Vaticano teve quatro casos confirmados até o momento.
Durante a cerimônia desta sexta, Francisco rezou em frente ao crucifixo milagroso.
Ele também deu a bênção conhecida como “Urbi et Orbi” (à cidade e ao mundo), uma das mais importantes do catolicismo, e que em geral é apenas reservada para ocasiões especiais, como o Natal e a Páscoa – desta vez, ela foi dada exatamente por causa do coronavírus.
Até onde se sabe, é a primeira vez na milenar história da Igreja Católica que o “Urbi et Orbi” aconteceu em uma praça de São Pedro vazia.
A bênção permite que os mais de 1,3 bilhão de católicos no mundo obtenham a indulgência plenária, ou seja, o perdão de seus pecados.
“Uma profunda escuridão está sobre nossas praças, ruas e cidades”, disse Francisco durante a cerimônia. “Ela tomou conta de nossas vidas, preenchendo tudo com um silêncio ensurdecedor e um vazio angustiante que interrompe tudo ao passar, sentimos isso no ar, nos sentimos com medo e perdidos”, prosseguiu ele.
“Estamos no mesmo barco. Estamos frágeis e desorientados, mas ao mesmo tempo somos importantes e necessários, todos convocados a remar juntos, cada um precisando confortar o outro “, completou o papa.
Francisco elogiou ainda médicos, enfermeiras, funcionários de supermercados, faxineiros, cuidadores, trabalhadores de transporte, polícias e voluntários, dizendo que eles, e não os ricos e famosos do mundo, são os responsáveis por “escrever os eventos decisivos de nosso tempo”.