sexta-feira, 22 novembro 2024

CoronaVac: perguntas e respostas sobre a vacina contra o coronavírus

O governo de São Paulo divulgou na quinta-feira (7), após sucessivos adiamentos, a taxa de eficácia da CoronaVac, vacina contra a Covid-19 desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac e que será fabricada também no Brasil pelo Instituto Butantan.

A vacina tem eficácia de 78% em casos leves e 100% em casos graves e moderados, taxa considerada ótima por especialistas.

Seu pedido de uso emergencial foi feito na sexta-feira (8) na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que fixou prazo de até 10 dias para conceder autorização para o início da campanha de vacinação.

O governo do estado de São Paulo pretende iniciar no dia 25 de janeiro a imunização da população, inicialmente pelos profissionais de saúde e idosos.

A seguir, a reportagem reuniu algumas das principais perguntas e respostas sobre a CoronaVac.

Qual a eficácia da Coronavac?

O governo paulista afirmou nesta quinta-feira (7) que a taxa de eficácia da vacina foi de 78% para os infectados que apresentaram casos leves ou precisaram de atendimento ambulatorial. Para casos graves e moderados, de 100% – ou seja, entre as pessoas vacinadas, nenhuma desenvolveu caso grave da doença.

Outros países divulgaram uma taxa maior de eficácia do mesmo imunizante, como a Turquia, de 91,25%. Segundo especialistas, essa discrepância é normal e reflete o grupo no qual a vacina foi testada – no Brasil, em 12,4 mil profissionais de saúde, expostos a uma alta carga viral.

Outras vacinas apresentaram eficácia superior. Isso significa que a CoronaVac é ruim?

Não. Nenhuma vacina tem 100% de eficácia, ou seja, isso não significa que quem tomar está imunizado – é por isso que uma parcela expressiva da população precisa ser vacinada, para impedir o vírus de chegar naqueles que foram vacinados mas não desenvolveram imunidade. Em geral, 78% de eficácia é considerado por especialistas em epidemias e em imunização uma excelente taxa, segundo médicos e cientistas ouvidos pela reportagem.

As vacinas da Pfizer (eficácia de 95%) e da Moderna (94%) demandam um processo de logística mais complexo, com ultracongeladores, uma vez que elas precisam ser armazenadas em temperaturas extremamente baixas, e são importadas. Já a CoronaVac será fabricada no Brasil pelo Instituto Butantan e pode ser armazenada em uma geladeira comum, o que facilita sua distribuição pelo país.

Quantas doses são necessárias e quantas já estão disponíveis?

O Instituto Butantan tem hoje em mãos 10,8 milhões de doses, segundo o diretor da instituição, o que seria suficiente para imunizar 5,4 milhões de pessoas, uma vez que os estudos clínicos foram feitos com duas doses por pessoa.

O plano inicialmente era aplicá-las com intervalo de duas semanas. Diante da escassez da vacina, no entanto, o governo discute ampliar ao máximo a aplicação da primeira dose, postergando a segunda injeção.

Isso ocorreu em outros países, como o Reino Unido, numa tentativa de garantir mais pessoas com a primeira aplicação, mas é condenado por especialistas, que dizem, sobre o caso brasileiro, que a imunização deve ser feita na população conforme ocorreu nos estudos clínicos.

Quando começa a vacinação?

O calendário de vacinação proposto pelo governo João Doria (PSDB) prevê começar a imunização em São Paulo em 25 de janeiro, data de aniversário da Capital paulista, começando por profissionais de saúde, indígenas e quilombolas.

Isso pode sofrer alteração, no entanto, porque nesta quinta o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, afirmou que o governo federal comprará 100 milhões de doses do Instituto Butantan e que “toda a produção do Butantan, todas as vacinas serão a partir desse momento incorporadas ao Plano Nacional de Imunização, distribuídas de forma equitativa e proporcional a todos os estados.”

Assim, se a CoronaVac for distribuída nacionalmente pelo governo central, o calendário proposto pelo tucano pode sofrer alterações. Isso porque o governo Bolsonaro evita estipular uma data específica.

Segundo Pazuello, há três cenários. “Na melhor das hipóteses”, os primeiros brasileiros serão imunizados em 20 de janeiro, caso o registro da Anvisa saia até lá e estejam disponíveis os estoques do Butantan e da AstraZeneca. Na chamada hipótese média, o início seria entre 20 de janeiro e 10 de fevereiro. E, no pior cenário, de 10 de fevereiro a meados de março, caso o procedimento de registro e produção tenha “qualquer percalço”.

A vacinação começa por quais grupos?

Se a CoronaVac for aplicada pelo governo de São Paulo, a vacinação começa por profissionais de saúde, indígenas e quilombolas, de acordo com o plano proposto pelo governador João Doria. Na sequência, em 8 de fevereiro, serão vacinadas as pessoas com 75 anos ou mais. Uma semana depois, começam as pessoas com idade entre 70 e 74 anos. Quem tem entre 65 e 69 anos seria vacinado em 22 de fevereiro e o restante das pessoas acima dos 60 anos, a partir de 1º de março.

No plano federal, sem data específica, a vacinação deve começar com profissionais da saúde, idosos a partir de 75 anos, população indígena e quem tem mais de 60 anos e vive viva em asilos ou instituições psiquiátricas. O plano prevê três etapas subsequentes: pessoas de 60 a 74 anos; pessoas com doenças que elevam o risco de agravamento da Covid-19, como as doenças cardiovasculares; e professores, forças de segurança e salvamento, funcionários do sistema prisional e a população privada de liberdade.

Quem for imunizado pode sair sem máscaras ou se aglomerar?

Não. Isso porque a vacina não é garantia absoluta de que o corpo vai gerar uma resposta imune. A doença só é controlada quando a sociedade atinge a chamada imunidade de rebanho, onde o vírus não consegue se espalhar de uma pessoa infectada para outras, interrompendo a cadeia de avanço.

Nos EUA, por exemplo, o governo americano já afirmou que pode demorar meses para haver um impacto da vacinação no crescente número de mortes e contaminações. No Reino Unido, mesmo com mais de 1 milhão de pessoas vacinadas, o comércio voltou a fechar e as aulas foram suspensas para tentar conter um novo avanço da doença.

Que outros países já começaram a vacinar suas populações contra a Covid-19 e quais são as vacinas em uso?

O Reino Unido se tornou, no dia 8 de dezembro, a primeira nação do mundo a aplicar uma vacina que passou por todas as fases de testes e foi clinicamente autorizada. O imunizante aprovado foi o desenvolvido pela farmacêutica americana Pfizer com a alemã BioNTech.

Agora, mais de 40 países em todo o mundo já iniciaram suas campanhas de vacinação: EUA, Canadá, Argentina, Chile, México, Costa Rica, Árabia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Kuwait, Israel, Qatar, Omã, Islândia, Luxemburgo e todos os 27 países membros da União Europeia.

Na maioria desses países, a vacina aprovada e em uso é a da Pfizer/BioNTech, que também recebeu sinal verde da OMS. Nos EUA e no Canadá, a vacina da empresa de biotecnologia americana Moderna também está sendo aplicada. A vacina da Moderna recebeu, na última quarta-feira (6), aprovação para uso pela agência europeia, mas não há, até o momento, nenhum acordo de compra de doses fechado.

Grande aposta do governo brasileiro, a vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford/AstraZeneca recebeu aprovação também no Reino Unido, na última semana de dezembro. Além do Reino Unido, a vacina da AstraZeneca também recebeu aprovação para uso emergencial na Índia.

O país asiático aprovou para uso emergencial também um imunizante fabricado localmente, a Covaxin, do laboratório Bharat Biotech. A China aprovou, ainda em junho, uma vacina desenvolvida no país para uso estritamente militar e, em setembro, autorizou o uso emergencial da vacina CoronaVac, da empresa Sinovac, para profissionais de saúde. Já a Rússia deu aval em agosto para a sua vacina Sputnik V, mas os imunizantes ainda estavam em fases de testes. A Sputnik V é também a escolha da Argentina e da Ucrânia para imunização de suas populações. Já no Oriente Médio, Emirados Árabes Unidos e Bahrein estão aplicando em sua população o imunizante da estatal chinesa Sinopharm.

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