quinta-feira, 25 abril 2024

Dengue se espalha no interior de SP; Bauru é a cidade com mais mortes

O número de mortes confirmadas por dengue em São Paulo já é mais que o dobro do total de 2018 e a alta incidência tem feito com que cidades até deixem de fazer exames para diagnosticar a doença.

Enquanto em 2018 o estado teve 10 mortes, só no primeiro trimestre deste ano foram registrados ao menos 21 óbitos, número que deve crescer com o total de casos suspeitos em investigação.

Apesar de o cenário ser pior em relação a 2018, está longe de ser o mais grave nos últimos anos em São Paulo. Em 2015, foram confirmados 657.903 casos no estado, 370.459 deles de janeiro a março.

Neste ano, o pior cenário da doença é registrado em Bauru, responsável por 10 mortes e que tem outras 9 aguardando confirmação laboratorial pelo Instituto Adolfo Lutz.

Segundo o CVE (Centro de Vigilância Epidemiológica), órgão da Secretaria da Saúde, foram confirmados 5.668 casos até o dia 15 na cidade. A prefeitura divulgou na segunda (18) boletim que já aponta 6.000 registros autóctones -contraídos no próprio município.

Outras mortes já foram confirmadas em Araraquara (4), São Joaquim da Barra (4) e São José do Rio Preto (3).

No ano passado inteiro, São Paulo teve 13.894 registros autóctones da doença, ante os atuais 34.785.

Após Bauru, aparecem com epidemias de dengue Araraquara (3.245 casos), Rio Preto (3.166), Andradina (1.925) e Barretos (1.854).

O número de casos pode ser muito superior aos notificados pelo fato de a dengue ser uma doença na maioria dos casos assintomática, segundo o CVE.

Das 10 cidades com mais casos, três são da região de São José do Rio Preto (Rio Preto, Fernandópolis e Palestina), duas de Bauru (Bauru e Agudos) e duas de Franca (São Joaquim da Barra e Ipuã). O total de cidades com epidemia no noroeste paulista já passa de 10.

A Secretaria da Saúde de Bauru informou que, entre os motivos para a epidemia estão o clima, com o fenômeno El Ninõ, e a circulação do sorotipo 2 da dengue, dominante no estado neste ano e que encontrou uma população mais suscetível.

A dengue tem 4 sorotipos. Isso significa que se uma pessoa teve dengue tipo 1, pode se contaminar por qualquer um dos outros três sorotipos e ter um agravamento desse caso.

“Há linhas de estudo que dizem que o 2 seria o tipo mais virulento, mas o que nós percebemos é que, se tive 1, e tenho o 2, pode ter caso de agravamento por conta de estar sendo novamente contaminado”, afirmou a diretora do CVE, Regiane de Paula.

Para tentar reduzir a incidência de casos e mortes, Bauru criou um posto avançado de dengue para atender pacientes mais graves e ampliou horário de atendimento até as 23h em unidades de saúde.

Além disso, a Vigilância Epidemiológica tem feito monitoramento diário em unidades de saúde em busca de casos com “sinais de alarme” e o total de profissionais de saúde foi ampliado, assim como visitas casa a casa e mutirões de limpeza.

Rio Preto implantou uma fila para atendimento exclusivo de dengue nas Upas (Unidades de Pronto Atendimento) e criou um centro de hidratação para atender até 70 pacientes simultaneamente. Eles ficam de 12 a 48 horas no local, conforme a gravidade, segundo o médico André Luciano Baitello, assessor de gabinete da Secretaria da Saúde.

“Estamos tendo 60% de positividade [dos casos suspeitos], o que indica que devemos passar de 4.000 casos, pois há um número represado aguardando sorologia.”

Em Araraquara, onde foi confirmada na segunda-feira a morte de uma mulher de 33 anos, dois polos de atendimento a pacientes de dengue foram criados e o horário de atendimento em outras quatro unidades básicas de saúde foi ampliado.

Com 1.854 casos segundo o CVE -e já 2.031, conforme a prefeitura-, Barretos deixou de fazer a sorologia para confirmar novos casos da doença no início de fevereiro, quando entrou em epidemia.

Com isso, as confirmações passaram a ser feitas por meio dos sinais e sintomas dos pacientes. Febre e mais dois sintomas resultam em caso positivo. A cidade investiga duas mortes por suspeita de dengue.

CHUVA E CALOR
A diretora do CVE disse que, apesar do crescimento de casos em relação a 2018, o quadro está dentro do esperado. Segundo ela, a dengue é uma doença sazonal que teve uma epidemia grande em 2015 e que, desde então, teve anos com baixas incidências, como o ano passado.

“Neste ano tivemos aumento do número de casos, sem dúvida nenhuma, mas dentro do esperado, nesse período sazonal. Estamos tendo muita chuva e muito calor”, afirmou.

De acordo com a diretora, 8 em cada 10 focos da doença estão dentro das casas e as ações de combate envolvem mutirões e parcerias como a que divulga mensagens sobre a doença nas rodovias.

“Quando leva informação para criança, adolescente, faz com que propague isso, seja voz dentro de casa falando com pais, vizinhos, a escola.”

Ainda conforme ela, é importante as famílias vistoriarem calhas, caixas d’água e bebedouros de animais em suas casas, para não acumularem água parada.

Também transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti, casos de zika e chicungunya não têm surgido com intensidade nos municípios com epidemia de dengue. Bauru, por exemplo, não tem nenhum registro das duas doenças.

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