A crise cambial na vizinha Argentina e dados negativos da economia turca fizeram o dólar se reaproximar da máxima ante o real nesta segunda-feira (3), em um dia de menor volume de negócios no mercado doméstico por causa do feriado nos Estados Unidos.
A corrida eleitoral também segue no radar de investidores, que aguardam a divulgação das primeiras pesquisas após o início do horário eleitoral. Nesta terça, após o fechamento do mercado, serão divulgados dados do Ibope.
O real encerrou o dia a R$ 4,152, e o Ibovespa recuou 0,63%, a 76.192 pontos.
De 24 divisas emergentes, o dólar avançou sobre 12, sendo o real a segunda que mais se desvalorizou, atrás apenas do peso argentino.
Durante a manhã, o governo do presidente Mauricio Macri anunciou a criação de tarifas sobre exportações e a redução de ministérios, medidas para conter o déficit fiscal do país em um momento em que negocia um acordo de financiamento com o FMI (Fundo Monetário Internacional).
Na Turquia, que também tem problemas nas contas externas, a recente alta do dólar fez a inflação disparar e se aproximar dos 18% -a meta é de 5%.
Mas a oscilação brusca do real no dia também pode ser explicada pela forte queda da sexta-feira, quando a moeda fechou abaixo de R$ 4,10.
O Brasil tem sofrido com a crise de seus pares apesar de não partilhar dos mesmos problemas: o país tem reserva em dólares e baixo déficit externo.
Para a economista do Santander, Tatiana Pinheiro, a explicação é simples: “O Brasil sofre com os emergentes porque é um país emergente”.
Localmente, investidores questionam o déficit fiscal e demandam reformas, como a da Previdência para reequilibrar as contas públicas.
Mas a atuação do governo emite sinais contrários, diz Pinheiro. Na semana passada, o governo confirmou reajuste ao funcionalismo público. Sob críticas, recuou.