sábado, 20 abril 2024

Doria se irrita em coletiva e restringe perguntas

A primeira entrevista coletiva de João Doria (PSDB) no cargo de governador de São Paulo, ontem, teve bronca na equipe de som, escolha dos veículos de imprensa que poderiam fazer perguntas e fortes críticas à herança deixada por Márcio França (PSB).

França foi vice de Geraldo Alckmin (PSDB) até abril passado, quando assumiu o governo e depois disputou a reeleição, sendo derrotado por Doria em disputa acirrada de segundo turno. Durante a campanha, França e Doria trocaram uma série de ataques.

Ontem, Doria e os secretários fizeram um balanço da situação encontrada nas principais áreas do governo. Uma das críticas mais pesadas de Doria em relação à França foi sobre o fato de ele ter saído do governo sem resolver o reajuste da tarifa de transporte público, geralmente anunciado em conjunto pelo governo estadual (responsável por trens e metrô) e a Prefeitura de SP (que cuida dos ônibus).

“Não faltou presteza do (prefeito) Bruno Covas ou do governo de transição. Faltou foi coragem do ex-governador Márcio França de fazer o que outros governadores fizeram mesmo em final de mandato”, disse Doria.

Na semana passada, Covas anunciou sozinho o reajuste de R$ 4 para R$ 4,30. Doria diz que até hoje o assunto será resolvido.

O secretário da Educação, Rossieli Soares da Silva, disse que existe a possibilidade de que cerca de que 2,5 milhões estudantes sejam prejudicados por falta de 8,5 mil professores. Essa lacuna seria suprida pela contratação de novos professores temporários, contudo a Justiça estadual proibiu no ano passado esse tipo de contratação.

Desse total de estudantes, há a possibilidade de que 60 mil alunos da 1ª a 5ª série não tenham nenhum professor disponível. Além disso, foi constatado que não há contratos para aquisição de material escolar e material de apoio para o início do período escolar.

“Não tivemos contrato para aquisição de kit fundamental (de material didático). O material pedagógico de apoio também não está contratado e não será distribuído. Não teremos tempo para distribuir”, disse.

O vice de Doria e secretário de Governo, Rodrigo Garcia (DEM), destacou medidas de cortes de gastos e também cancelamentos de ações do governo França. Como exemplo, citou convênios que teriam sido assinados com “permissividade”.

Durante a entrevista, Doria manteve a regra que estabeleceu ainda na Prefeitura de São Paulo de permitir somente cinco perguntas, mas, desta vez, sem respeitar a ordem de inscrição. O tucano escolheu os jornalistas que poderiam perguntar a partir de uma lista maior.

A Folha de S.Paulo, por exemplo, fez uma pergunta, mas jornalistas dos jornais O Estado de S. Paulo e O Globo, que estavam ao lado do repórter e foram inscritas antes, não puderam questionar o governador.

A entrevista coletiva terminou com Doria se negando a responder perguntas adicionais, em meio a reclamações de repórteres.

Durante a entrevista, Doria foi interrompido algumas vezes por microfonia. O tucano se irritou e deu uma bronca pública nos responsáveis pelo sistema de som. Disse que as coisas “têm que funcionar bem” no palácio e que, se até o momento elas  estavam assim, falhando, teriam que melhorar.

Sobre Geraldo Alckmin (PSDB), Doria negou que tenha dirigido críticas a ele em seu discurso de posse nesta terça-feira (1º) quando disse que o Palácio dos Bandeirantes passaria a ser lugar de “trabalho”, e não mais de “romaria de prefeitos” e “cafezinhos”.

 
 

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