Em termos proporcionais, Ceará (-14,6%) e Rio (-12,3%) tiveram as maiores quedas na população ocupada. Nos estados, o mercado de trabalho sofreu mais com restrições da crise sanitária a atividades intensivas em mão de obra nos setores de comércio e serviços
Em um ano, a população ocupada encolheu no mercado de trabalho de 24 das 27 unidades da Federação. O menor nível de empregos, verificado na comparação entre o primeiro trimestre de 2020 e igual período de 2021, reflete os prejuízos causados pela pandemia.
Em termos proporcionais, Ceará (-14,6%) e Rio (-12,3%) tiveram as maiores quedas na população ocupada. Nos estados, o mercado de trabalho sofreu mais com restrições da crise sanitária a atividades intensivas em mão de obra nos setores de comércio e serviços.
Na contramão da maioria das regiões, Acre (2,7%), Roraima (1,4%) e Alagoas (1,4%) foram as únicas unidades da Federação onde houve variação positiva no total de ocupados.
Os números integram a Pnad Contínua, do IBGE.
Entre o primeiro trimestre de 2020 e igual intervalo de 2021, a população ocupada caiu 7,1% no país, ao passar de 92,2 milhões para 85,7 milhões. Ou seja, quase 6,6 milhões deixaram o grupo que seguia trabalhando de maneira formal ou informal.
Essa baixa foi puxada pelo comércio, que perdeu 1,6 milhão de vagas, e por alojamento e alimentação, com corte de 1,4 milhão de postos.
“Os setores que puxaram a queda na ocupação fazem parte daqueles em que a interação entre funcionários e clientes é necessária”, diz o economista Bruno Ottoni, pesquisador da consultoria IDados.
“Outra característica marcante da pandemia é a perda de emprego entre trabalhadores informais. Muitos deles estão inseridos em comércio e serviços”, acrescenta.
No Ceará, a queda de 14,6% fez a população ocupada passar de 3,6 milhões para 3,1 milhões. A baixa vagas foi puxada pelo comércio, que perdeu 128 mil vagas, e por serviços de alojamento e alimentação, com redução de 102 mil postos.
Os dados do IBGE também detalham a natureza formal ou informal das vagas. Nesse tipo de recorte, entre o primeiro trimestre de 2020 e igual período de 2021, as maiores perdas no Ceará foram de empregados com carteira no setor privado (-232 mil), trabalhadores por conta própria sem CNPJ (-107 mil) e domésticos sem carteira (-83 mil).
“O Ceará tem uma demanda turística elevada, mas boa parte do setor ficou fechada na pandemia. Comércio e outros serviços também foram paralisados”, ressalta o economista Francisco José Silva Tabosa, professor da UFC (Universidade Federal do Ceará).
Já a população ocupada no Rio, ao registrar baixa de 12,3%, passou de 7,5 milhões para 6,6 milhões. Ou seja, houve perda de 927 mil vagas.
Os maiores recuos atingiram comércio (-299 mil), outros serviços (-149 mil), transporte, armazenagem e correio (-128 mil) e alojamento e alimentação (-109 mil).
“Com a pandemia, setores de serviços tiveram uma dificuldade muito grande na geração de receitas. Como um hotel vai gerar receita de forma digital? Até para os restaurantes fica mais complicado, embora tenham investido nesse tipo de atendimento. Essas dificuldades se refletem na demanda por trabalhadores”, afirma o economista Fabio Bentes, da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo).