sexta-feira, 22 novembro 2024
ELAS COMO VÍTIMAS

Cresce todos os índices de violência contra a mulher no país

Índices mostram alta em feminicídio, assédios, agressões e crimes de stalking
Por
Isabela Braz
Foto: Ilustração/iStock

Além do país ter registrado a maior alta de casos de estupro na história, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostrou que todos os tipos de violência contra a mulher terminaram em alta em 2022. A pesquisa divulgada nesta quinta-feira (20) da continuidade ao relatório “Visível e Invisível: a Vitimização de Mulheres no Brasil”, publicado em março pelo mesmo fórum.

O relatório aponta que o ano de 2022 registrou os maiores níveis de vitimização por agressão a mulher desde 2017. O Fórum que divulga taxas de crime em todo país, reforça em números administrativos – com denúncias e processos judiciais – que é perigoso ser mulher no Brasil.

A pesquisa mostra crimes de feminicídio, violência física, doméstica e psicológica, assédio sexual, ameaça e até stalking – ato de seguir ou acompanhar uma pessoa, de maneira reiterada ou constante, com ameaças à sua integridade física ou psicológica, prevista na Lei 14.132, de 31 de março de 2021.

O fórum mostra apenas os acionamentos feitos em polícias, tanto por números emergenciais – 190 ou 180 –, quanto os feitos por boletins. As vítimas que pediram socorro por meio dos canais de emergência ficaram em 899.485 casos (102 acionamentos por hora).

Em questões de medidas protetivas de urgência, o aumento foi de 13,7%, com 445.456 pedidos e 85% delas atendidas.

Feminicídio
O Brasil registrou aumento de 6,1% em 2022, resultando 1.437 casos de feminicídios no ano passado. Os homicídios dolosos de mulheres também cresceram, 1,2% em relação ao ano anterior. As taxas de tentativas do crime subiram 16,9%.

O Estado com maior taxa proporcional desse tipo de crime é Rondônia, com 3,1 casos por 100 mil habitantes, seguido por Mato Grosso do Sul (2,9) e Acre (2,6).

Entre os menos inseguros nesse aspecto estão Ceará (0,6), São Paulo (0,9) e Rio Grande do Norte (0,9).

Em número absolutos, a maior quantidade de feminicídios cometidos no ano passado ocorreu em São Paulo, com 195 vítimas, seguido por Minas (171) e Rio de Janeiro (111). No fim da lista estão Roraima, com três casos, Amapá, com 8, e Acre, com 11.

Violência doméstica e psicológica
245.713 mulheres registraram boletim de ocorrência para agressões ocorridas no ambiente doméstico ou por decorrência dele. Desse número, a análise afirma que 673 mulheres se descolaram por dia até uma delegacia de polícia para denunciar um episódio de violência doméstica, crescendo 2,9% em comparação a registros anteriores.

As ameaças constaram um aumento de 7,2% em relação a 2021, registrando no ano passado 613.529 registros de ameaças contra a vida, sendo consideradas como violência psicológica, causando espécie que o homem causa sobre a mulher ao lhe causar dano emocional.

Tipicando a violência psicológica, sem ameaças físicas, foram registrados em todo o país, 24.382 boletins de ocorrência, com taxa de 35,6 mulheres por grupo de 100 mil (considerando que oito estados não enviaram os dados sobre o crime).

Stalking
O crime de stalking, um dos mais recentes crimes registrados no código penal, teve aumento também comparado a 2021. 53.918 mulheres – 147 por dia – registraram que foram vítimas da prática em 2022, uma taxa de 56,5 por 100 mil.

O tipo de perseguição pode ser feito tanto no mundo digital, quando pessoalmente. Em uma pesquisa realizada na Austrália e que envolveu a análise de 141 feminicídios e 65 tentativas de feminicídio, os autores verificaram que 76% das vítimas de feminicídio e 85% das vítimas de tentativa de feminicídio sofreram perseguição do agressor nos 12 meses que antecederam a ocorrência.

Assédio sexual
Registros de assédio sexual – crime verbal e por meio de ameças – cresceram 49,7% e totalizaram 6.114 casos em 2022. Já os de importunação sexual, quando há toque, apalpadas ou demais casos, o crescimento foi de 37%, chegando ao patamar de 27.530 casos no último ano.

O número de casos de estupro, podem ser conferidos na matéria: https://tododia.com.br/brasil-mundo/brasil-registra-maior-numero-de-crimes-de-estupro-da-historia/

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