Em meio aos esforços para contornar dúvidas de alguns investidores, a Vale decidiu ressaltar as credenciais de seu novo diretor-presidente interino, Eduardo Bartolomeo, como seu executivo mais experiente. O afastamento do diretor-presidente da Vale, Fabio Schvartsman, e de mais três diretores ocorreu no sábado (2), após recomendação das autoridades que investigam o acidente.
A sugestão foi elaborada pelo Ministério Público Federal, Ministério Público de Minas Gerais e pela Polícia Federal. Bartolomeo foi nomeado pelo conselho de administração. Desde então, investidores e analistas começaram a levantar questões sobre ele, por ser um executivo pouco conhecido nos mercados.
“Minha preocupação é que dispensar os altos executivos deixa a empresa sem liderança ou com liderança menos experiente e simplesmente aumenta a turbulência”, disse John Tumazos, da John Tumazos Very Independent Research, que foca em mineração, metais e produtos florestais. Um analista de um grande banco de investimento, que pediu anonimato por não estar autorizado a falar com a imprensa, disse que muitos clientes entraram em contato com ele desde a saída de Schvartsman.
Ele chamou a mudança de perda relevante para a empresa, considerando a proximidade dos mercados de Schvartsman. Já Bartolomeo estaria mais focado nas operações de mineração da Vale do que em suas finanças.
Segundo a Vale, Bartolomeo é o diretor-executivo mais experiente e sua escolha visa garantir garantir estabilidade às operações da Vale, continuidade do processo de indenização, reparação e mitigação dos efeitos do rompimento da Barragem I da Mina do Córrego do Feijão.
Com dez anos de Vale, Bartolomeo já foi diretor-executivo de logística, operações integradas de commodities (minério de ferro, carvão e manganês) e, mais recentemente, diretor-executivo de metais básicos. Trabalhou na Ambev entre 1994 e 2003, tendo exercido funções executivas. O rompimento da barragem em Brumadinho (MG) ocorreu em 25 de janeiro e deixou mais 300 vítimas entre mortos de desaparecidos.