Ao contrário do que a sabedoria popular propaga, as mulheres são mais cautelosas que os homens no trânsito de São Paulo. É o que indica um estudo do Detran.SP, divulgado nesta quarta (21).
Segundo dados do Infosiga SP, de janeiro a agosto de 2020, 122 mulheres (6,3%) se envolveram em acidentes de trânsito, contra 1.812 (93,5%) homens. O percentual é 16 vezes menor do que o número de ocorrências com pessoas do sexo masculino ao volante.
De acordo com o Detran.SP, dos 26 milhões de condutores paulistas, 40% (10,4 milhões) são do sexo feminino.
Se considerado o número de acidentes com vítimas de janeiro a agosto deste ano, a tendência se confirma: o sexo feminino responde por apenas 15,5% do total, frente a 84,5% de homens.
“O dado é surpreendente porque conseguiu mostrar que a mulher dirige melhor o veículo que o homem, o que é uma boa notícia, já que a mulher representa 40% do total de motoristas”, afirma Neiva Doretto, vice-Presidente do Detran.SP.
Outro dado importante é que na maioria dos acidentes com mortes registrados, as mulheres não conduziam o veículo (39,4% eram passageiras e 31,9%, pedestres).
No período, o trânsito paulista matou 3.644 pessoas. Destas, 3.071 homens (80,6%) e 563 mulheres (17,8%). Em 1,6% dos casos, não havia registro do gênero da vítima.
O estudo do Infosiga SP também aponta que o sexo feminino foi minoria na suspensão da CNH (Carteira Nacional de Habilitação) nos três primeiros meses deste ano. De 91.500 carteiras suspensas, 23.790 (26%) eram de mulheres.
Hannah Machado, coordenadora de Desenho Urbano da Iniciativa Bloomberg de Segurança Viária Global, afirma a diferença nos números é importante para orientar as ações de campanha, fiscalização e comunicação por parte do poder público. “Os homens são os que mais provocam acidentes e os jovens do sexo masculino são os que mais morrem no trânsito. Um estudo feito pela CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) entre 2009 e 2015 comprova a afirmação: 94% das mortes no trânsito foram causadas por homens”, comenta Hannah Machado.