A Polícia Federal fez mandados de busca e apreensão em endereços ligados à família do senador Aécio Neves (PSDB-MG) ontem de manhã, na tentativa de coletar provas que esclareçam indícios de lavagem de dinheiro e corrupção.
A ação, nova fase da Operação Ross, deflagrada na semana passada, foi autorizada pelo ministro Marco Aurélio Mello, do STF (Supremo Tribunal Federal). Um dos endereços alvo de busca é de Inês Neves da Cunha, mãe de Aécio, no bairro do Sion, em Belo Horizonte. Também houve busca no apartamento de Frederico Pacheco, primo de Aécio, que já foi alvo da PF no ano passado.
Os policiais ainda estiveram na sede da empresa Albatroz.
O inquérito apura os crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. De acordo com a PGR (Procuradoria-Geral da República), o Grupo J&F -holding controladora da JBS- teria repassado cerca de R$ 110 milhões a Aécio e parte do valor teria sido distribuído para 12 legendas que o apoiaram na disputa presidencial contra a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) em 2014.
As investigações da PGR apontam que parte do dinheiro foi entregue em espécie a Aécio, enquanto outra parte dos repasses foi feita por transferência bancária e pelo pagamento de serviços simulados.
É a segunda vez neste mês que parentes do senador (e futuro deputado federal) são alvos de uma operação da polícia. A primeira foi no dia 11 de dezembro, quando a Operação Ross foi até imóveis ligados ao senador e à irmã dele, Andréa Neves, para coletar provas em mandados de busca e apreensão.
PROPINA
De acordo com a Polícia Federal, a Operação Ross esteve atrás de documentos relacionados a uma emissão de notas frias, que a PF suspeita que encobririam uma suposta propina de R$ 128 milhões paga pela JBS para o tucano de 2014 a 2017. A Operação Ross também teve como alvo o deputado Paulinho da Força (SD-SP).
Nesse valor estão pagamentos suspeitos de terem servido para comprar apoio político para Aécio na eleição presidencial de 2014, envolvendo partidos como o Solidariedade, o DEM e o PTB, além de uma suposta “mesada” de R$ 54 mil mensais paga ao tucano pela JBS por meio da rádio Arco Íris, de propriedade da família dele.
Também é mencionada a aquisição superfaturada de um imóvel do jornal Hoje em Dia, em Belo Horizonte, por R$ 17 milhões, supostamente a pedido do senador.
Em troca da propina, segundo as investigações, Aécio interveio junto ao governo de Minas para viabilizar a restituição de créditos de ICMS de empresas do grupo J&F, que controla a JBS.
No dia 12, Aécio disse em seu último discurso no Senado que tem vivido dias extremamente difíceis.
O OUTRO LADO
A defesa de Aécio Neves disse que soube das buscas na residência da mãe do senador com surpresa e indignação e considerou a ação da polícia “desnecessária e descabida”.
“Bastava que se consultasse o sistema de imagens do prédio para se comprovar a falsidade da denúncia e se evitar violência e afronta à privacidade de uma cidadã brasileira”, afirmou o advogado de defesa de Aécio Neves, Alberto Zacharias Toron. A defesa de Aécio afirma ainda que o senador sempre esteve à disposição de todas as autoridades. “Por fim, aguardamos a finalização célere das investigações para que fiquem provadas, de uma vez por todas, as falsas e convenientes acusações feitas por criminosos confessos que ensejam esse inquérito”, disse Toron.