terça-feira, 30 abril 2024
GUERRA NA UCRÂNIA

EUA veem divisão inédita na Rússia e devem ampliar apoio à Ucrânia

Líderes partidários democratas e republicanos afirmaram que o incidente deixa a Rússia "distraída e dividida" e pode se refletir no campo de batalha
Por
Agência Estado

A breve rebelião do Grupo Wagner na Rússia revelou rachaduras no poder do presidente Vladimir Putin que aumentam as dúvidas sobre a capacidade na guerra da Ucrânia, avaliou neste domingo, 25, o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken. Líderes partidários democratas e republicanos afirmaram que o incidente deixa a Rússia “distraída e dividida” e pode se refletir no campo de batalha. A situação deve facilitar a aprovação de mais ajuda americana a Kiev.

Para Blinken, a marcha do Grupo Wagner na direção de Moscou contrasta com a imagem que a Rússia tinha antes da invasão à Ucrânia, em fevereiro de 2022. “Dezesseis meses atrás, as forças russas estavam às portas de Kiev acreditando que tomariam a capital em questão de dias. Agora, o que vimos é a Rússia tendo que defender Moscou contra mercenários do próprio país”, declarou em entrevista à emissora NBC.

Segundo o jornal The Washington Post, as agências de inteligência americanas sabiam há dias dos planos de rebelião armada do chefe do Grupo Wagner, Ievgeni Prigozhin. Entretanto, o tamanho do motim e o momento em que ela foi colocada em curso só foi descoberta horas antes de seu início.

A reação dos EUA à crise foi discreta, mas unida. Em um raro consenso sobre o tema, os líderes políticos disseram que estão mais determinados no apoio à Ucrânia e convictos sobre a estratégia adotada na guerra. “O que vimos neste fim de semana foi quão frágil é a liderança de Putin agora, quão frágil é o exército russo”, declarou o deputado republicano Don Bacon, ex-general da Força Aérea Americana. Também em entrevista à NBC, o deputado instou os membros do seu partido a continuar fornecendo equipamento militar à Ucrânia.

O presidente Joe Biden não se pronunciou publicamente sobre o assunto, mas ligou para o colega ucraniano, Volodmir Zelenski, para reiterar o seu apoio na guerra. A Casa Branca convocou autoridades para avaliar o quanto o poder de Putin foi afetado pelo motim.

Muitas perguntas seguem em aberto. Dentre elas, o porquê Putin desistiu de ordenar um ataque militar a Prigozhin e o quanto a crise afeta o desempenho dos exércitos na guerra. Embora analistas tenham levantado a hipótese de um endurecimento russo nos ataques à Ucrânia, os relatos do dia seguinte à rebelião era de uma noite mais calma no país atacado. “É muito cedo para dizer exatamente aonde isso vai dar”, concluiu Blinken.

CALMARIA APARENTE

Enquanto as consequências são observadas pelo exterior, a Rússia tentou retomar à normalidade no dia seguinte à crise com Prigozhin. Não houve novos pronunciamentos do governo sobre o assunto, e nenhuma mudança no Ministério de Defesa russo, pedidas pelo chefe dos mercenários quando iniciou o levante, foi anunciada. A agência de notícia estatal, Tass, destacou a desobstrução de estradas que estavam bloqueadas e divulgou uma entrevista de Putin gravada no dia 21, dois dias antes da crise, em que ele reitera a confiança na sua campanha na Ucrânia.

Apesar da aparente normalidade, Moscou manteve o decreto de emergência antiterrorista em vigor e Putin esteve em contato com o ditador de Belarus, Alexsander Lukashenko, que intermediou o acordo com o Grupo Wagner no sábado. O serviço de imprensa da Rússia também informou que Putin trabalhou em “regime especial”, sem especificar do que se tratava.

Nos principais programas televisivos do Kremlin, o motim foi tratado como uma traição, repetindo as alegações de Putin durante um discurso no sábado. Os jornais também destacaram que a iniciativa de Prigozhin teve pouco apoio popular e que ele seria um “traidor”. Desde que anunciou a saída da Rússia, o mercenário está em silêncio. (Com agências internacionais).

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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