O ex-governador de São Paulo Alberto Goldman (PSDB) morreu neste domingo (1º), aos 81 anos. Ele estava internado desde 19 de agosto, no Hospital Sírio Libanês, na capital paulista. Goldman passou por cirurgia após uma hemorragia ser detectada no cérebro, mas não resistiu.
Nascido em 12 de outubro de 1937, o ex-governador deixa a mulher, cinco filhos e quatro netos. O tucano, ex-comunista e judeu, foi governador de abril a dezembro de 2010, quando assumiu o posto de José Serra (PSDB), de quem era vice-governador. Serra deixou o cargo para concorrer à Presidência da República naquele ano.
Também na gestão de Serra, Goldman foi secretário estadual de Desenvolvimento, função que acumulou com a de vice-governador. Tucano da ala histórica do PSDB, Goldman tornou-se crítico do ex-prefeito de São Paulo e atual governador João Doria (PSDB), considerado hoje o principal líder nacional do partido.
Por conta das contestações públicas a Doria, o PSDB paulistano, comandado por um aliado de Doria, chegou a expulsá-lo sumariamente em outubro do ano passado. A direção nacional tucana, no entanto, orientou que ele desconsiderasse a expulsão por não ter valor jurídico. “Não tem nenhum panaca nesse partido que tenha condição moral de pedir a minha expulsão”, afirmou Goldman à época.
Em um vídeo gravado por Doria em outubro de 2017, Goldman foi chamado de improdutivo e fracassado que “agora vive de pijamas em sua casa”. O governador paulista decretou luto de três dias neste domingo. Doria também ofereceu o Palácio dos Bandeirantes para abrigar o velório de Goldman, mas a família preferiu ocupar a Assembleia Legislativa, segundo informou a assessoria do governo em nota.
Na disputa pelo governo paulista em 2018, Goldman se aproximou de Paulo Skaf (MDB) no primeiro turno. Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo em novembro passado, Goldman disse que a ascensão de Doria ocorreu em paralelo ao fim de uma era no partido.
“Terminou um ciclo no qual o PSDB formou uma corrente social-democrata, mas tem que repensar isso porque o país não adotou esse caminho. Então esse ciclo, evidentemente, é um tempo que passou”, afirmou. Durante o mandato de Goldman no governo paulista, em outubro de 2010, a Folha revelou que soube seis meses antes da divulgação do resultado quem seriam os vencedores da licitação para concorrência dos lotes de 3 a 8 da linha 5-lilás do metrô. O então governador determinou a suspensão do processo licitatório.
Também na administração de Goldman foram iniciadas obras no parque da Água Branca, na zona oeste paulistana, que levaram a críticas de usuários e questionamentos judiciais. O tucano foi ministro dos Transportes de 1992 a 1993, no governo Itamar Franco (MDB). Nesse cargo Goldman deu início ao processo de privatização com cobrança de pedágio da via Dutra, que liga São Paulo ao Rio de Janeiro, e promoveu a realização de obras emergenciais de recuperação de pistas da rodovia.
No ministério ele também realizou a licitação para duplicação da rodovia Fernão Dias, que liga São Paulo a Minas Gerais. Também ocupou, nos anos 1980, duas secretarias estaduais no governo de Orestes Quércia (MDB) em São Paulo. Começou a carreira política como deputado estadual por duas legislaturas (1971-1979), tendo sido eleito pelo MDB. Na época, militou contra a ditadura militar.
Também foi deputado federal por seis legislaturas, sendo a primeira de 1979 a 1983 e a última de 2003 a 2007. Formado em engenharia civil pela Universidade de São Paulo, Goldman iniciou a militância política no Partido Comunista Brasileiro (PCB). Seus pais eram comunistas marxistas, nascidos na Polônia. A família é judia.
Em 1997, Goldman entrou para o PSDB, partido que presidiu interinamente por um mês em 2017, quando Aécio Neves foi afastado do cargo após o escândalo da JBS. Em julho deste ano, ele já havia sido internado após uma queda de pressão arterial. Na ocasião, Doria autorizou que a Polícia Militar usasse um de seus helicópteros Águia para transportar Goldman de São José dos Campos a São Paulo.