quinta-feira, 25 abril 2024

Funcionários reclamam que diretor furou fila da vacinação em hospital municipal de SP

Funcionários do Hospital Municipal Tide Setúbal, em São Miguel Paulista (zona leste da capital paulista), acusam o diretor da unidade e dois enfermeiros do setor administrativo de furar a fila da vacinação contra a Covid-19 e receberem o imunizante mesmo sem atuar diretamente no atendimento a pacientes contaminados.

Os servidores afirmam que parte dos profissionais que trabalha em UTIs e no chamado “covidário” -locais que reúnem pacientes contaminados internados- ficaram sem receber a vacina.

O médico Carlos Alberto Velucci, diretor do hospital, a enfermeira Licia Figueiredo, que trabalha na diretoria e é responsável por receber os EPIs (Equipamentos de Proteção Individuais), e o enfermeiro Roger Rabelo, chefe do setor de imunização do hospital foram vacinados contra a Covid-19 na quinta-feira (21).

Carlos Alberto e Licia chegaram a publicar em suas redes sociais fotos celebrando a aplicação da vacina contra Covid-19.

Como a capital não recebeu todas as doses necessárias para imunizar os grupos prioritários, assim como o restante do país, a Secretaria Municipal da Saúde definiu que entre os profissionais de saúde o público-alvo seria aqueles que estivessem na assistência direta aos pacientes de Covid-19.

Documentos distribuído pela pasta na última segunda (18) determina que em hospitais públicos e privados a vacina seja destinada a “médicos, enfermagem das enfermarias e UTI Covid-19 e PS para sintomáticos respiratórios (Covidário)”, diz trecho do informativo.

A mesma orientação foi repetida pelo secretário municipal da Saúde, Edson Aparecido, à Folha na última terça-feira.
Mas cinco funcionários do hospital ouvidos pela reportagem informaram que o diretor e os enfermeiros não fazem qualquer tipo de atendimento a pacientes nem frequentam áreas do pronto-socorro. A Secretaria Municipal da Saúde nega.

Os funcionários ainda relatam que profissionais como os AGPPs (Agentes de Gestão de Políticas Públicas), que cuidam de serviços administrativos -como a papelada de internação, transferências e prontuários de pacientes- nas UTIs e enfermarias de atendimento a pacientes com Covid não foram vacinados.

Ficaram ainda sem vacina, segundo os funcionários, técnicos de eletrocardiograma e de raio-X do hospital, bem como parte dos trabalhadores das áreas de segurança, limpeza e portaria.

Outro lado A Secretaria Municipal da Saúde informou, por meio de nota, que os funcionários citados pela reportagem, além de funções administrativas também “realizam visitas/inspeções nas alas/locais onde são feitas a assistência direta a pacientes com Covid-19 (enfermarias e UTIs Covid-19)”.

A pasta também afirmou que segue rigorosamente as orientações dos programas estadual e nacional de imunização e todos hospitais receberam instrutivo sobre quem deveria ser vacinado nessa primeira fase.

“A gestão municipal adotou um sistema rigoroso de controle de distribuição e imunização para garantir que os profissionais que atuam na linha de frente, em contato direto com os pacientes diagnosticados com a Covid-19, sejam vacinados”, diz trecho da nota.

A secretaria destaca ainda que as vacinas serão dadas de forma escalonada “às demais categorias e profissionais que não estão na assistência direta a Covid-19, conforme o repasse de dose pelo Programa Nacional de Imunização.”

A reportagem tentou entrar em contato com o diretor e os enfermeiros desde a sexta (22), mas só localizou Licia, que preferiu não dar declarações a respeito da vacinação.

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