Uma mancha de óleo cru de 21 quilômetros quadrados e outra de 3,3 quilômetros quadrados estão a cerca de 100 quilômetros de distância do litoral brasileiro, próxima à Bahia, onde pequenas manchas já atingiram praias da capital Salvador. As anomalias foram identificadas pelo professor do curso de Oceanografia da UFBA (Universidade Federal da Bahia), Pablo Santos, que é especialista em sensoriamento remoto.
As manchas foram identificadas por um satélite da União europeia, cuja base de dados é parcialmente pública. O radar identificou a mancha às 7h55 desta sexta-feira, horário do Brasil, momento em que estava a 100 quilômetros da costa brasileira entre os estados de Sergipe e Bahia.
“Esse tipo de dado orbital é a melhor forma de identificar possíveis manchas. O oceano tem certa rugosidade superficial. Mas quando existe óleo na superfície, essa rugosidade diminui, fica mais lisa. É um padrão muito comum em manchas de óleo”, afirma o professor.
A mancha maior é quase do tamanho de Taboão da Serra, cidade da grande São Paulo que tem cerca de 250 mil habitantes. A outra tem tamanho próximo ao da cidade de Águas de São Pedro, também em São Paulo, segundo menor município do Brasil.
De acordo com Pablo Santos, a tendência é que a mancha se desagregue com a ação de ondas e dos ventos e chegue à costa em fragmentos menores.
Após a descoberta das manchas, grupos de pesquisa liderados pelo professor Guilherme Lessa, da UFBA, e Carlos Teixeira, da Universidade Federal do Ceará, estão empenhados em identificar o local exato para onde o óleo deve chegar na costa brasileira, de acordo com a direção dos ventos e correntes marítimas.
“Ainda não temos nada conclusivo, mas a mancha está vindo em direção à Bahia. Isso é fato. E, dadas as condições de circulação atmosférica e oceânica, ele vai continuar chegando à Bahia”, afirma o professor Guilherme Lessa.
De acordo com o Ibama, a presença de óleo já foi registrada em 150 locais de 68 municípios nordestinos -números que ainda não inclui as praias de Salvador, onde as manchas chegaram a pelo menos cinco praias nesta sexta-feira (11), afastando turistas.
CRESCE DESMATE NA AMAZÔNIA
O desmatamento cresceu cerca de 96% em setembro na Amazônia na comparação com o mesmo mês de 2018, segundo dados do sistema Deter, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
Desde junho, a devastação na Amazônia tem aumentado na comparação com a série histórica do Inpe. Os meses de julho, agosto e setembro do primeiro ano do governo Jair Bolsonaro tiveram as maiores taxas de desmate desde 2015 e 2016.