Empresário bolsonarista depõe à CPI, nega financiar fake news, enfrenta senadores, mas dribla questionamentos
O empresário ainda condenou o uso político da morte de sua mãe por Covid-19. No entanto, se apegou a detalhes linguísticos para justificar informação falsa que teria propagado em vídeo na ocasião, quando defendeu o tratamento preventivo, com medicamentos sem eficácia comprovada contra a doença.
Hang já é investigado pela CPI por seu envolvimento no chamado gabinete paralelo, estrutura de aconselhamento do presidente Jair Bolsonaro para temas da pandemia fora da estrutura do Ministério da Saúde. Os senadores querem apurar suspeitas de que o empresário financiou a propagação de fake news.
Ele não recorreu a habeas corpus para evitar responder determinadas perguntas. Antes da sessão, disse a jornalistas que chegou para o depoimento com “amor no coração” e “com a verdade ao seu lado”. No entanto, recusou-se a prestar o juramento de não mentir.
Hang chegou para o depoimento acompanhado de uma tropa de choque do governo, que incluiu o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), filho do presidente que há meses não comparecia a sessões da CPI. O empresário afirmou não ser negacionista e que reconhecia a gravidade da pandemia, tanto que investiu recursos para combatê-la. No entanto, evitou comentar o outro sentido da palavra negacionista, no contexto da pandemia, que são agentes que se mostram contra práticas de isolamento social, uso de máscaras e adeptos de medicamentos sem eficácia comprovada para o tratamento da Covid-19.
Hang também negou financiar a propagação de fake news.
“Nunca financiei nenhum esquema de fake news e não sou negacionista. Sou apenas um brasileiro que sonha em viver num país melhor, que deu a cara a tapa e que está apanhando por isso.”
O empresário, por outro lado, reconheceu que tem contas bancárias no exterior e que elas seriam declaradas à Receita Federal. “Nós temos contas no exterior, nós temos offshore, no exterior. Devem ser umas duas ou três declaradas na Receita Federal.”
Hang afirmou nunca ter recorrido a empréstimos do BNDES, no que foi rebatido pelo presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM). Ele disse que o banco encaminhou documento que mostra 57 operações até 2014, que somavam R$ 27 milhões.
O empresário confirmou que sua mãe recebeu o chamado “kit Covid” desde o início do tratamento, mesmo antes de sua internação, apesar das comorbidades. “Se eu tivesse a sua condição, ia levar minha mãe à Lua, não era à Prevent Senior, não”, afirmou Aziz. Na sequência, disparou contra os senadores que compareceram.