quarta-feira, 27 novembro 2024

Lira afasta impeachment de Bolsonaro e não crê que militares apoiem golpe

Para o presidente da Câmara, o momento “é de colocar água nessa fervura, definitivamente”  

Arthur Lira: é importante apaziguar os ânimos – Luis Macedo/Câmara dos Deputados

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), voltou a afastar a possibilidade de impeachment do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e disse que não crê que militares apoiem um golpe contra o Congresso e o STF (Supremo Tribunal Federal). As declarações foram feitas pelo político durante entrevista à GloboNews, na final da noite desta terça-feira (24).

Mais de 130 pedidos de impeachment de Bolsonaro já foram protocolados na Câmara. Arthur Lira, aliado do presidente, é a figura a quem cabe fazer uma primeira análise dos pedidos, podendo aceitá-los ou rejeitá-los. Na entrevista, Lira, no entanto, afastou a possibilidade de levar o assunto adiante no Congresso.

“São temas sensíveis. Eu acho que o impeachment é uma ruptura traumática no sistema democrático. Nós estamos a um ano das eleições. Nós defendemos as eleições”, disse Lira. Vários presidentes já passaram pelo ‘sabor’ do processo de impeachment. O momento agora é o de apaziguar. É de colocar água nessa fervura, definitivamente”, acrescentou.

Nenhuma chance de ruptura

Questionado se enxerga a possibilidade de golpe, Lira foi enfático ao responder que não vê nenhuma chance de “ruptura” no sistema democrático.

“Estamos absolutamente tranquilos. Nós não acreditamos em nenhum tipo de ruptura da democracia do País. Os militares são conscientes, eles são protetores da Nação, e não de qualquer presidente. Nós temos que ter paciência, muita conversa. Mas é absolutamente normal o clima. Não há qualquer especulação nesse sentido”, afirmou o presidente da Câmara.

Ainda durante a entrevista a Roberto D’Avila, ele também comentou o clima de ebulição entre os Poderes, em Brasília, a partir de ataques constantes feitos por Bolsonaro.

O mandatário tem atacado adversários políticos e ministros do STF, como Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso, também presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Ele questiona, por exemplo, a legitimidade de urnas eletrônicas e a segurança do sistema eleitoral brasileiro.

“A gente tem tentado [conversar]. Nós fomos bastante assertivos. Você pode até ter uma vontade popular, e aí eu faço um mea-culpa de todos os lados. O Legislativo precisava, sim, ter se colocado de maneira mais rápida. O Judiciário precisa demonstrar boa vontade. E o presidente precisa deixar de questionar o sistema eleitoral. É preciso que todos sentem na mesa. Com diálogo, as coisas começam a fluir”, minimizou.

“É importante que todos conversemos. E acho que vamos chegar rapidamente ao bom termo. Se gasta muita energia com assuntos que não são importantes.”

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