terça-feira, 13 maio 2025

Lula lança carta a evangélicos; em SP, Michelle fala em ‘partido das trevas’

O presidente Jair Bolsonaro (PL) minimizou o impacto do documento, enquanto a primeira-dama Michelle afirmou que o petista tem “sede de vingança” e pediu a dissipação do “partido das trevas” 

Em meio à “guerra santa” travada nesta eleição, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato do PT ao Palácio do Planalto, divulgou uma carta para reafirmar compromisso, se eleito, com a liberdade de culto, acenar para participação de evangélicos em eventual governo e reiterar posicionamento contrário ao aborto. O presidente Jair Bolsonaro (PL) minimizou o impacto do documento, enquanto a primeira-dama Michelle afirmou que o petista tem “sede de vingança” e pediu a dissipação do “partido das trevas”.

Durante evento com pastores e líderes evangélicos ontem, em São Paulo, a carta assinada por Lula e lida pelo ex-ministro Gilberto Carvalho relembra ações de governos petistas. “Destaco a reforma do Código Civil assegurando a liberdade religiosa no Brasil, o decreto que criou o dia dedicado à Marcha para Jesus e ainda o Dia Nacional dos Evangélicos. Mantenho o mesmo respeito e o mesmo compromisso”, afirma.

Participaram também do encontro os deputados federais eleitos Pastor Henrique Vieira (PSOL-RJ) e Marina Silva (Rede-AP), além de líderes. “É bem-vinda a participação de evangélicos nas diversas formas de participação social no governo, como conselhos setoriais e conferências públicas”, afirma Lula, na carta.

O petista e Bolsonaro – ambos católicos – disputam os votos religiosos. O atual presidente, no entanto, leva vantagem entre evangélicos. De acordo com pesquisa Datafolha divulgada ontem, Bolsonaro tem 66% das intenções de voto entre evangélicos e Lula, 28%. O ex-presidente detém a preferência de 58% dos católicos, ante 37% de Bolsonaro.

Ainda de acordo com o documento, um eventual terceiro mandato de Lula “não adotará quaisquer atitudes que firam a liberdade de culto e de pregação ou criem obstáculos ao livre funcionamento dos templos”. Nas redes, há disseminação de informação sobre fechamento de igrejas, o que o petista nega repetidamente.

Após a leitura da carta, Lula fez discurso no qual voltou a contestar a informação de que ele, se eleito, obrigaria crianças a usar banheiros comuns para meninos e meninas. “Gente, eu tenho família, tenho filha, netas, bisnetas, só pode ter saído da cabeça de satanás a história de banheiro unissex”, disse o petista.

Uma das principais responsáveis por convencer a equipe de Lula a divulgar a carta de compromisso aos evangélicos, a senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) disse que, com o ato, Lula reafirmou o compromisso com os evangélicos e combate às fake news. “É um momento de reflexão e de avaliação porque estamos tratando de um povo que tem diferenças”, disse ela. “Hoje, nas mais variadas avaliações, estão entre 70 e 80 milhões de brasileiros”, avaliou. “Qualquer família tem um evangélico.”

RESPOSTA
O presidente, em entrevista ao site O Antagonista ontem à noite, disse que a carta de Lula “é uma mentira” e foi escrita “apenas para ganhar as eleições”.

Mais cedo, no Palácio da Alvorada, em Brasília, Bolsonaro já havia minimizado a iniciativa. De acordo com ele, os religiosos que apoiam o petista são apenas “dissidências” e disse que a maioria apoia a sua reeleição. “Quem assinou? Qual o perfil de quem assinou? Tem igrejas? Qual a densidade deles? Até no meio militar tem dissidências, a gente sabe que tem”, afirmou.

Já Michelle, em evento com cristãos em São Paulo, acompanhada da senadora eleita Damares Alves (Republicanos) e do Padre Kelmon (PTB), candidato derrotado no primeiro turno, afirmou que há uma luta “contra principados e potestades das trevas”. “Ele (Lula) está com uma lista, com sede de vingança, com sangue nos olhos, para se vingar de todos aqueles que se levantaram contra ele”, disse.

“Nós estamos aqui para lutar pela nossa nação brasileira, nós estamos aqui para lutar pelo nosso Brasil, para que esse câncer, esse partido das trevas se dissipe, saia da nossa nação”, afirmou a primeira-dama sobre os adversários, dizendo que a campanha é uma luta pela “liberdade de expressão e liberdade religiosa”. Ela repetiu que partidos de esquerda têm como objetivo minar a atuação das igrejas no País. (Colaborou Matheus de Souza)

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