Preta Lagbara passou a ser alvo de ofensas após denunciar uso indevido da imagem do filho.
Após ser alvo de ataques racistas e de intolerância religiosa nas redes sociais, Preta Lagbara – mãe do menino Ayo, de 4 anos, que teve o rosto tatuado no corpo de uma pessoa desconhecida sem e sem autorização -, registrou queixa na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi).
As ofensas começaram depois que Preta denunciou o tatuador Neto Coutinho, que ganhou o segundo lugar na categoria Portrait na Tattoo Week, com a tatuagem do rosto de Ayo, filho de Preta.
“Não basta a minha preocupação de mãe, em saber quem tatuou o rosto do meu filho, tenho ainda que me incomodar com isso, ser ofendida. As pessoas podem até não concordar com a minha posição, mas elas não podem ser crueis, ofensivas. Então que paguem e seja responsabilizadas por seus atos. É preciso mostrar que internet não é terra de ninguém. Que não pode pegar foto do filho dos outros no Pinterest e tatuar, que não pode ofender as pessoas, nem a religião de ninguém”, disse Preta.
Ofensores já foram identificados
Preta está sendo auxiliada pelo advogado Djeff Amadeus, que dirige também o Instituto Defesa da População Negra. Ele diz que a Decradi já identificou três pessoas que promoveram as ofensas contra Preta, e que elas vão ser intimidas em breve.
Seriam dois homens e uma mulher, que proferiram ofensas de cunho racista e de intolerância religiosa.
“Disseram que minha alma é preta, que sou macumbeira. É uma coisa surreal. Mandaram mensagem no direct da minha empresa, no meu perfil pessoal”, lembra.
“Duas pessoas são de fora do Rio de Janeiro, mas devem ser intimidas para depor de forma on-line. Além disso, racismo é crime inanfiançável, imprescrítivel e esperamos expor em breve essas pessoas para que as pessoas e seus empregadores saibam que elas são racistas e ofendem as outras nas redes sociais”, diz
Além disso, Djeff prepara para breve a ação cível contra o tatuador Neto Coutinho e contra os organizadores da Tattoo Week.
“Existe uma norma da Anvisa, que obriga a fazer o registro de todas as pessoas que vão ser tatuadas em evento de tatuagem. Ou seja, ou a Tattoo Week tem o registro da pessoas que tem o rosto do Ayo no corpo e não quer passar, está negligenciando a informação, ou não cumpriu a norma da Anvisa. Além disso, é de responsabilidade dos organizaores informar os tatuadores, que as vezes são pessoas simples, que eles precisam ter autorização para fazer certos desenhos”, diz o advogado.
O caso
O tatuador Neto Coutinho, que ganhou dois prêmios durante a convenção de tatuagem “Tattoo Week”, realizada em outubro desde ano na capital paulista, foi denunciado por usar em uma das tatuagens premiadas a foto de um menino negro sem autorização dos pais da criança e do fotógrafo responsável pela imagem.A denúncia foi feita nas redes sociais pela mãe do menino, que mora na Zona Norte do Rio de Janeiro Ela soube por meio de um internauta que o rosto do filho do havia sido tatuado em uma pessoa desconhecida.
O tatuador Neto Coutinho pediu desculpas para a família e quer resolver a situação de forma pacífica, segundo seu advogado de defesa, Gabriel Rodrigues (veja mais abaixo).
De acordo com a organização que premiou a tatuagem, o critério da premiação foi “estritamente técnico e artístico, julgado por uma comissão de conceituados tatuadores”. Não houve entrega de dinheiro.
Ao g1, Daniele de Oliveira Cantanhede, mais conhecida como Preta Lagbara, disse que um internauta a marcou na postagem do tatuador que tinha publicado a tatuagem e comemorava o segundo lugar na premiação. Preta pediu ajuda para o fotógrafo Ronald Santos Cruz, que foi quem fez a imagem do filho com a autorização dela, neste ano.
Com informações do G1