As milícias estão presentes em mais de um quinto dos bairros do Grande Rio. A constatação é de pesquisa do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da UFF (Universidade Federal FluminenseF) e do Núcleo de Estudos da Violência da USP (Universidade de São Paulo), em parceria com o Disque-Denúncia e as plataformas “Fogo Cruzado” e “Pista News”.
As milícias são grupos armados ilegais, que vêm ganhando terreno no Estado do Rio de Janeiro, através da extorsão a moradores e a comerciantes e do controle de serviços clandestinos, como transporte alternativo, TV a cabo e venda de gás de botijão.
De acordo com o estudo, as milícias controlam todas as comunidades em 21,8% dos bairros da região metropolitana.
Na cidade do Rio, a presença das facções é ainda maior. As milícias controlam todas as comunidades de 25,5% dos bairros.
Elas têm uma atuação diferente das facções de tráfico de drogas e seu controle muitas vezes extrapola as áreas das favelas.
O transporte alternativo controlado pelas milícias, por exemplo, circula pelas ruas do bairro. Por isso, é difícil precisar a influência dessas quadrilhas armadas em suas áreas de atuação.
TRÁFICO
Já no caso do tráfico de drogas, esse controle é mais restrito aos territórios das comunidades carentes ou às favelas transformadas em bairros (como a Rocinha). “Nas milícias, a gente vê um domínio espalhado mais pelo bairro inteiro, enquanto no tráfico a gente vê um controle mais restrito ao polígono das comunidades”, afirmou a pesquisadora Maria Isabel Couto.
Segundo o estudo, em muitos bairros, uma facção de tráfico de drogas específica possui o controle total das favelas localizadas naquela área.
O Comando Vermelho, por exemplo, controla todas as comunidades de 23,7% dos bairros do Grande Rio.
“Chama atenção a presença forte das milícias nos bairros da região metropolitana. O Comando Vermelho ainda aparece como facção dominante, mas a milícia aparece logo atrás. A gente falava como um fenômeno carioca, mas ela é agora um fenômeno fluminense. A população nas áreas de comando de milícia também é muito maior”, disse a pesquisadora.
O Terceiro Comando controla todas as favelas de 3% dos bairros. Já a Amigos dos Amigos têm o controle hegemônico das comunidades de 0,3% dos bairros.
Em 32,3% dos bairros há a presença de mais de uma facção. E em apenas 8,1% dos bairros não foi constatada a presença de facções.