domingo, 24 novembro 2024

Na pandemia, 60% deixaram de controlar diabetes, diz estudo

A pandemia de Covid-19 impactou negativamente o controle do diabetes pelos brasileiros que convivem com a doença. É o que aponta um estudo realizado com mais de 1.700 pacientes e publicado em agosto pelo periódico científico Diabetes Research and Clinical Practice.

De acordo com o levantamento, feito pela SBD (Sociedade Brasileira de Diabetes) em parceria com vários pesquisadores, entre 22 de abril e 4 de maio 59,4% dos pacientes apresentaram piora no controle da doença e consequentemente no índice glicêmico durante a pandemia; e 59,5% reduziram a prática de atividades físicas.

Outro dado preocupante é que 38,4% adiaram consultas ou exames marcados e 40,2% não marcaram novas idas ao médico desde o início da pandemia. Por outro lado, 95% dos diabéticos respeitaram as orientações de distanciamento social.

“Aprendemos na pandemia que não só a obesidade mas também o diabetes são fatores para uma evolução pior da Covid-19. Então, é importantíssimo cuidar de todas as doenças crônicas”, alerta a endocrinologista Priscilla Olim Mattar, diretora médica da empresa de saúde Novo Nordisk.

Para reforçar a importância de tratar o diabetes ao longo da pandemia, a SBD e a Novo Nordisk lançaram a campanha “Diabetes na Rotina”. A ação traz como embaixador o ator Babu Santana, diagnosticado com diabetes tipo 2.

O Brasil tem 16 milhões de diabéticos e em 2045 chegará a 20 milhões, segundo a SBD.

Estima-se que 46% do total não sabem que têm a doença.

A DOENÇA

Diabetes é uma doença crônica que afeta a maneira como o corpo metaboliza a glicose. Entre os sintomas mais comuns estão sede excessiva, aumento do apetite, perda de peso, vista embaçada, infecções frequentes e vontade de urinar várias vezes ao dia e à noite.

Existem dois tipos de diabetes: no 1 há a deficiência de insulina; já o 2 é associado fortemente ao estilo de vida, principalmente obesidade, e predisposição genética hereditária.

Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia, mais de dois terços das pessoas que morrem do coração têm diabetes e mais de 80% das mortes por diabetes estão relacionadas a problemas cardíacos e renais. “É um sério problema de saúde pública, pela prevalência elevada e pelo aspecto de muitos pacientes com doenças cardiovasculares serem acometidos pelo diabetes. Isso tem um impacto forte em relação à mortalidade”, afirma o presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia, Marcelo Queiroga.

Além de complicações cardiovasculares e risco de morte para Covid-19, o diabetes traz outras consequências se não for controlado.

A amputação de membros inferiores é uma das complicações mais sérias do diabetes, segundo o presidente da Associação Brasileira de Medicina e Cirurgia do Tornozelo e Pé, José Antônio Veiga Sanhudo. “A maior causa de internação hospitalar do diabético é por problemas nos pés. Úlceras que não cicatrizam levam à amputação dos membros inferiores em 84% dos casos”, afirma Sanhudo.

De janeiro a agosto de 2020, foram realizadas 10.546 amputações de membros, ao custo de R$ 12,3 milhões aos cofres do Ministério da Saúde.

O médico recomenda ao paciente diabético examinar os pés diariamente e visitar o ortopedista pelo menos uma vez ao ano mesmo se não tiver sintomas.

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