sexta-feira, 19 abril 2024

Na véspera de novas restrições, moradores de Ribeirão Preto lotam supermercados

Num dia em que Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo) bateu recorde de pacientes internados em UTIs com diagnóstico de Covid-19, supermercados ficaram cheios o dia todo, com filas de carrinhos e consumidores nas portas e movimentação atípica para uma quarta-feira, enquanto algumas das principais ruas do comércio também tiveram movimento acima do normal.

O cenário ocorreu porque esta quarta (26) foi o último dia de abertura presencial de comércio e serviços na semana, já que medidas restritivas impostas pela prefeitura suspenderão o transporte coletivo e fecharão os quatro shoppings da cidade, restaurantes, bares e supermercados (que podem atender por delivery) para tentar conter a disseminação do coronavírus.

“Não tenho o hábito de pedir compras pelo WhatsApp, prefiro ver o que estou comprando”, disse a aposentada Madalena Garcez, que, num supermercado no Jardim Paulista, comprava itens básicos, como arroz, feijão, macarrão e óleo.

Por mais que os estabelecimentos estejam adotando medidas como aferição de temperatura ou borrifem álcool nas mãos dos clientes e nos carrinhos de compras, dentro das lojas eram visíveis aglomerações em alguns setores.

Inicialmente, as restrições valerão somente por cinco dias, até a próxima segunda-feira (31), mas consumidores disseram temer uma prorrogação das medidas e quiseram garantir alimentos para suas casas por um prazo maior.

“A gente não sabe se serão só cinco dias, porque a situação está muito feia. Todo dia tem gente morrendo”, disse a florista Maria Amélia Damasceno.

O movimento nas unidades cresceu na segunda-feira (24), quando o prefeito Duarte Nogueira (PSDB) anunciou no final da tarde as medidas restritivas. À noite já havia filas em hipermercados, movimento que se acentuou na terça (25) e teve ainda mais força nesta quarta.

As restrições não chegam a ser um novo lockdown, como a cidade viveu em março –também com duração de cinco dias–, mas as medidas foram consideradas duras demais por entidades comerciais, que protestaram.

Também estão proibidos de funcionar estabelecimentos escolares, templos religiosos, parques, academias, oficinas mecânicas e salões de beleza.

O transporte coletivo urbano só funciona até esta quarta e, mesmo assim, operou de forma precária, já que motoristas fizeram greve entre segunda e terça para exigir a vacinação da categoria contra a Covid-19 e contra o atraso no pagamento do vale mensal. A prefeitura iniciou na terça o agendamento da categoria.

A cidade tem 301 leitos exclusivos para Covid-19 ocupados e quatro hospitais sem vagas. No decorrer do dia, os hospitais chegaram a ter 307 internados em UTIs e 319 pessoas em enfermarias.

Na terça, foram registradas 27 mortes por Covid-19 na cidade e, nesta quarta, outras 19, o que elevou o total para 2.132 desde o início da pandemia.

Em menos de cinco meses completos, a cidade já registrou em 2021 1.089 mortes em decorrência da Covid, contra 1.043 em todo o ano passado. A Secretaria da Saúde atribui o aumento à circulação na cidade da variante P.1, considerada mais agressiva.

Além dos consumidores que compravam alimentos básicos, havia também nos supermercados jovens comprando fardos de cerveja. “Não sei se a gente se reunirá, mas somos poucos amigos, e todos nos cuidamos. Vou levar a cerveja por garantia”, disse o estudante Radamés Assis.

Apesar do movimento intenso, consumidores disseram que agora houve menos tumulto no comércio do que em março, já que a prefeitura fez o anúncio do fechamento dos supermercados com três dias de antecedência. No lockdown, o anúncio ocorreu na véspera.

Devido ao lockdown de março, a cidade chegou a ter queda de 45% em relação às semanas anteriores na procura de pacientes com suspeita de Covid-19 nas unidades de atendimento da prefeitura. No entanto voltou a registrar alta de casos e internações nas últimas semanas.

Na segunda-feira, a prefeitura definirá novas medidas em relação às restrições na cidade, chamadas de fase emergencial restritiva. Dependendo do cenário, poderá flexibilizar atividades ou prorrogar a validade das atuais medidas e até mesmo ampliar o total de setores atingidos pelas limitações de funcionamento.

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