O presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), voltou a dizer, em entrevista ao Brasil Urgente, da TV Bandeirantes, que, se depender dele, não haverá mais demarcação de terras indígenas no país.
“Eu tenho falado que, no depender de mim, não tem mais demarcação de terra indígena”, disse Bolsonaro ontem ao apresentador José Luiz Datena. “Afinal de contas, temos uma área mais que a região Sudeste demarcada como terra indígena. E qual a segurança para o campo? Um fazendeiro não pode acordar hoje e, de repente, tomar conhecimento, via portaria, que ele vai perder sua fazenda para uma nova terra indígena”, disse.
Segundo Bolsonaro, as reservas existentes foram “superdimensionadas” e “não tem como mexer”, mas afirmou que o que vier a fazer é “com o aparato da lei”. “Índio é um ser humano como nós. Ele quer empreender, quer luz elétrica, quer médico, quer dentista, quer um carro, quer viajar de avião”, disse.
Não é a primeira vez que Bolsonaro indica sua posição neste sentido. Em outra entrevista, antes da eleição, o capitão reformado criticou o que chamou de “indústria da demarcação de terras” e disse que os índios “não querem ser latifundiários”. “Índio quer poder arrendar a terra, quer poder fazer negócio (…) Não quer ser usado para políticas”, declarou, na época.
Em 2017, em visita a Mato Grosso, Bolsonaro também se disse contra o reconhecimento de novas terras indígenas no país. “Não terá um centímetro quadrado demarcado”, afirmou.
Segundo a Funai (Fundação Nacional do Índio), cancelar novas demarcações de terra indígena acabaria com 129 processos que hoje estão em andamento, em diferentes etapas. Existem atualmente 11,3 milhões de hectares em estudo para demarcação, abrigando cerca de 120 mil indígenas.
FHC
Bolsonaro também voltou a classificar o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) como socialista.
“O socialismo não deu certo em lugar nenhum. E o FHC fazia aquele joguinho com o PT como se ele fosse oposição. E essa máscara caiu com a minha chegada”, disse Bolsonaro após ser perguntado por Datena “sobre uma coisa engraçada que havia feito hoje”.
Bolsonaro e FHC trocaram farpas pelas redes sociais após uma declaração do tucano de que retórica do novo governo pode prejudicar a imagem do Brasil, principalmente em relação à China, maior parceiro comercial do país.
Bolsonaro, em resposta, publicou em sua página no Twitter uma foto do ex-presidente deitado numa poltrona, com as pernas erguidas, segurando um livro, legendado apenas com o nome do tucano.
Após a repercussão, FHC respondeu ao tuíte do presidente eleito: “A desinformação é péssima conselheira. Na foto do Twitter do presidente eleito, eu apareço lendo um livro de ex-premiê da China, deposto e preso, que critica o regime. Isso aparece como ‘prova’ de que sou comunista. Só faltava essa. Cruz, credo!”