A Polícia Civil de São Paulo busca cumprir, desde a manhã desta quarta-feira (16), mandados de busca e apreensão em endereços ligados à família de Marco Willians Herbas Camacho, o “Marcola”, considerado pela polícia o número 1 da organização criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital).
Um dos alvos dos policiais é Cynthia Giglioti Herbas Camacho, mulher de Marcola, e Francisca Alves da Silva, mulher de Alejandro Juvenal Herbas Camacho Júnior, o “Marcolinha”, irmão de Marcola e outro membro da facção criminosa nascida nos presídios paulistas nos anos 1990.
Na lista da polícia estão outros familiares de Marcola e empresários que teriam participado de esquema de lavagem de dinheiro estimado em cerca de R$ 15 milhões, entre imóveis e carros de luxos.
Parte do patrimônio teria sido colocado em nome de pessoas sem lastro financeiro para justificá-lo.
Segundo o Deic (Departamento de Combate ao Crime Organizado), que conduziu as investigações e coordena as operações desta quarta, não há mandados de prisão – embora tenham pedido.
A reportagem apurou que a polícia fez o pedido de prisão de uma série de pessoas, entre elas as “primeiras-damas” da facção, mas o Ministério Público foi contra esse pedido, um entendimento que frustrou os policiais por indicar medo de eventual retaliação por parte dos criminosos.
Procurado, o Ministério Público ainda não se manifestou sobre o caso.
Ações contra familiares dos criminosos do PCC eram consideradas tabu na polícia paulista por existir uma espécie de pacto tácito entre policiais e criminosos – como que se os familiares fossem deixados de fora da “guerra”.
A existência de investigações em curso contra as chamadas “primeiras-damas” do PCC pelas polícias Civil e Federal contra ao patrimônio supostamente incompatível com a capacidade financeira das envolvidas foi revelada em outro pela Folha de S.Paulo.
A investigação conduzida pela Polícia Federal faz parte de uma estratégia de sufocar financeiramente a facção e, nessa rede, as pessoas que supostamente se beneficiam financeiramente dos crimes cometidos pela organização – grande parte deles associados ao tráfico internacional de drogas.
Em documentos obtidos pela reportagem, a PF indicava ter feito um levantamento patrimonial e ter encontrado “vínculos substanciosos” com uma quadrilha presa na operação “Rei do Crime”, ligada a uma rede de combustíveis.
De acordo com policiais federais ouvidos pela reportagem à época, não se sabe se a operação da manhã desta quarta inviabilizou as ações que estão em curso pela PF contra, ao menos, dois núcleos suspeitos.
Participam também das investigações policiais federais e civis de Minas Gerais. As forças de segurança do Estado vizinho de São Paulo também deflagraram duas fases da operação “Caixa Forte”, contra a cúpula do PCC.
Na segunda fase da operação, os policiais interceptaram familiares de presos que recebiam recursos do PCC por meio de supostas transferências com dinheiro do crime.
Ao menos 310 pessoas foram presas na ocasião, entre elas uma mulher de 82 anos.