quarta-feira, 24 abril 2024

Operação de emergência retira 200 jacarés de áreas de risco no Pantanal

  Região enfrenta pior seca dos últimos 60 anos e queimadas

Jacarés foram removidos para áreas com condições apropriadas para viverem – Fernando Faciole/Grad Brasil

Em uma operação emergencial que deve durar três dias, o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Renováveis) removeu 200 jacarés para outras áreas com mais condições de sobrevivência. O Pantanal matogrossense, área onde vivem, passa pela pior seca dos últimos 60 anos, além de queimadas.

Com pouca água, os animais estão ilhados, desidratados e desnutridos. A ação inédita pretende evitar a morte desses animais. O cenário é dramático, disseram os especialistas do órgão.

Os jacarés são resistentes a esse período mais crítico do bioma, mas as condições climáticas deste ano são mais intensas. A área também sofre, nos últimos dois meses, com os maiores incêndios da história, de acordo com o dados do Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo), que apontou 15% do Pantanal foi consumido, uma área equivalente a 2,2 milhões de hectares, ou o território de Israel.

Com esse agravante, os jacarés não conseguiram se alimentar o bastante para o período de brumação, técnica de sobrevivência que consiste na diminuição do metabolismo para aguentar mais tempo em temperaturas extremas.

Os jacarés foram levados em vans climatizadas do Instituto para uma área distante a 30 quilômetros para encontrar um ambiente propício para sua alimentação. O Ibama tem monitorado diariamente a quantidade de água nos locais.

De fevereiro a maio, o Pantanal norte tem períodos de inundações ao longo da Transpanteneira, que conta com 120 pontes, várias delas ainda de madeira. Os rios formados pela inundação passam por baixo delas e são chamados de corixos. Sem a chuva necessária, o Pantanal não alagou este ano e no ano passado, o que fez com que praticamente todos estes rios secassem.

Técnicos do Ibama afirmam que a seca vai perdurar pelos próximos dois ou três anos. O desmatamento, a supressão de água do lençol freático e as queimadas reduziram o alimento que eles precisam.

Para garantir a sobrevivência desses animais nas condições atuais do bioma, diversas ONGs atuam na área. Algumas usam caminhões-pipas para encher os corixos. “Todos os dias chegamos aqui e há cinco, seis deles mortos com características de desnutrição e desidratação”, afirmou a médica veterinária Carla Sássi, que compõe o Grad (Grupo de Resgate de Animais em Desastres).

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